Zenklub: “Os líderes são essenciais para o sucesso da estratégia de saúde mental nas empresas”

por | set 29, 2023

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Identificar e acolher os colaboradores em adoecimento constitui um dos primeiros passos das lideranças para promover o bem-estar organizacional, enfatiza a CRO da plataforma. Os colaboradores devem estabelecer limites e procurar ajuda quando necessário

Maria Barreto é Chief Revenue Officer (CRO) no Zenklub, healthtech co-fundada pelo médico Rui Brandão. Com mais de 12 anos de experiência no mercado de saúde, já passou por empresas, como Amil/United Health, Notredame Intermédica e Hapvida. A administradora assumiu a função em 2022 junto à plataforma voltada para a saúde mental e o desenvolvimento pessoal que viveu o boom no auge da pandemia da Covid-19, crescendo 515% em 2020 em comparação ao ano anterior. Hoje, conta com mais centenas de empresas parceiras e oferece sessões online com mais de cinco mil terapeutas, principalmente psicólogos e psicanalistas. A virtualidade facilita o atendimento de qualquer lugar do mundo, o que possibilita que brasileiros sigam terapias por meio da plataforma em 187 países.

Nesta entrevista concedida no Setembro Amarelo, a especialista do Zenklub fala sobre o papel das lideranças corporativas para evitar a disseminação de transtornos que afastam, todos os anos, milhares de brasileiros de seus locais de trabalho, a exemplo da Síndrome de Burnout, formas graves de ansiedade e depressão.

De acordo com os dados do SUS, os transtornos mentais relacionados ao trabalho (TMRT) constituem a terceira maior causa de afastamento do ofício — e há tendência de crescimento

Integridade ESG — Uma agenda ESG corporativa, focada na governança e na responsabilidade social, pode contribuir para a redução de transtornos, como a Síndrome de Burnout? Se sim, de que forma?

Maria Barreto Sim, o olhar para a saúde faz parte das diretrizes quando falamos do “S” de social da sigla. As empresas interessadas na agenda ESG devem iniciar a sua atuação olhando para as práticas da própria corporação a fim de garantir uma boa saúde emocional e bem-estar corporativo, e não só na responsabilidade social com o entorno. Promover, prevenir, monitorar e prestar apoio aos colaboradores é um papel fundamental da empresa. A educação acerca da saúde mental também é um tópico que ajuda a diminuir os riscos. Uma das formas de garantir isso é por meio de parcerias com especialistas no tema. Hoje, o Zenklub ajuda mais de 400 empresas a garantir o olhar para saúde emocional dos colaboradores e bem-estar corporativo por meio de um ecossistema que contempla sessões com especialistas de psicologia, psicanálise, coach e terapeutas integrativos, além de um aplicativo com mais de 1500 conteúdos e serviços assistenciais personalizados e educação socioemocional. É sobretudo uma solução de dados comportamentais que oferece às empresas uma clareza em relação ao bem-estar dos seus colaboradores e permite a construção de estratégias personalizadas. Uma dessas ferramentas de dados é o IBC Índice de Bem-Estar Corporativo.

“Muito pode ser feito pelas lideranças: promover a comunicação aberta, incentivar o apoio mútuo entre os membros da equipe, combater discriminação ou assédio e garantir o acesso ao suporte psicológico ou psiquiátrico”

Integridade ESG — Poderia explicar como o IBC pode auxiliar as empresas na jornada pela saúde mental corporativa?

Maria Barreto O Índice mensura a saúde mental dos colaboradores e o bem-estar nas empresas, e, por isso, é capaz de dar ao RH e aos líderes uma visão analítica comportamental dos colaboradores, o que ajuda na prevenção de possíveis complicações, como é a Síndrome de Burnout. O IBC trata das dimensões de conflitos, preocupação constante, exaustão, autonomia, volume de demanda, relacionamento com o líder e com os colegas, clareza das suas responsabilidades e desconexão com o trabalho. Esses são pontos importantes de serem avaliados para compreender como anda o bem-estar corporativo. É muito importante cuidar da saúde mental no ambiente de trabalho, especialmente quando estamos sob pressão. 

Integridade ESG —  Qual a responsabilidade das lideranças organizacionais para evitar problemas de saúde mental, e como as corporações devem orientar suas lideranças no sentido dessa responsabilidade?

Maria Barreto O papel da liderança é essencial para o sucesso de uma estratégia de saúde mental e o primeiro passo é deixá-los aptos para promoverem a cultura de saúde, identificarem e saberem como acolher os colaboradores que podem estar em adoecimento. Muito pode ser feito pelas lideranças, como cultivar um ambiente de trabalho saudável, promover a comunicação aberta, incentivar o apoio mútuo entre os membros da equipe e combater qualquer forma de discriminação ou assédio. Também podem fomentar a cultura do equilíbrio entre trabalho e vida pessoal, estabelecendo políticas de suporte psicológico ou psiquiátrico, e garantir o acesso a esse suporte, reduzindo o estigma em torno da saúde mental.

Integridade ESG —   De que forma o empregado deve evitar transtornos de saúde mental em seu dia a dia, ainda que sob pressão do trabalho?

Maria Barreto Os colaboradores devem estar cientes de seus direitos e responsabilidades em relação à saúde mental, buscando apoio quando necessário e também se engajando nas iniciativas da empresa que oferece programas e benefícios nesse sentido. Existem algumas possibilidades para estabelecer limites, definindo horários de trabalho adequados, reservando um tempo para si mesmo e para atividades que tragam prazer e relaxamento; estabelecendo uma rotina saudável que inclua tempo para o trabalho, descanso, lazer e socialização. Isso ajuda a equilibrar as demandas profissionais e pessoais, definindo metas realistas. O apoio social deve ser buscado por meio de conversas com colegas de trabalho, amigos e familiares sobre suas preocupações e desafios. Porém, se o colaborador estiver enfrentando dificuldades significativas, é importante buscar o apoio de um profissional de saúde mental, como um psicólogo ou terapeuta. Eles podem oferecer suporte especializado e estratégias para lidar com o estresse no trabalho.

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