Seca: clima melhora somente em novembro e energia será afetada, prevê Climatempo

por | ago 24, 2024

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A estiagem que afeta o Amazonas e já é considerada uma das maiores secas da história da região deve se prolongar pelo menos até o final de outubro. A regularização do clima é esperada partir de novembro, mas, até lá, a situação exigirá atenção das empresas por conta da previsão de temperaturas mais altas e chuvas abaixo da média. Quem alerta é a Climatempo, empresa de consultoria meteorológica e previsão do tempo da América Latina.

Ainda sob os efeitos das condições climáticas do segundo semestre de 2023, que impediram que os rios da região enchessem, a região Norte se depara com um volume de chuvas de 50% a 70% abaixo da média neste período em algumas áreas, que compreendem o sul e o leste do Amazonas e os estados do Acre e Rondônia, bem como grande parte do Pará.

“Essas áreas terão um déficit hídrico maior comparativamente aos meses anteriores e temperaturas mais altas, que vão favorecer a perda de umidade do solo em áreas de formação de corpos d’água. Nesse cenário, o nível dos rios seguirá abaixando, com a chuva retornando á Amazônia ocidental a partir de outubro, de forma gradual”, afirma Vinicius Lucyrio, meteorologista da Climatempo.

Pico de calor ocorrerá em outubro

As temperaturas na região já estão de 1 a 2 graus celsius acima da média, e seguirão subindo, com o pico de calor mais intenso previsto para a primeira quinzena de outubro, o que aumenta o risco do agravamento dos atuais incêndios.

“Este quadro é consequência de vários fatores, como as massas de ar seco do Brasil Central, que se expandem para a região amazônica nessa época do ano, e também do fenômeno do La Niña, que está em desenvolvimento, cenário este também intensificado pelos antecedentes da seca no segundo semestre”, explica Lucyrio.

Concessionárias de energia em alerta

O baixo nível dos principais rios da bacia hidrográfica do Norte brasileiro e a perspectiva de que o chamado “verão amazônico” se intensifique são fatores que deverão ter impactos nas cadeias de abastecimento e na capacidade de geração das hidrelétricas da região amazônica, considerando inclusive que a seca de 2024 será tão ou mais severa do que a de 2023, mesmo com a previsão de maior frequência e volume de chuvas de forma antecipada, já a partir do final de outubro.

O nível dos rios na região de Manaus já se encontra abaixo do recorde histórico registrado no ano passado.

“Como a situação do regime de chuvas não deve se alterar nos próximos meses, as operações logísticas por via fluvial podem sofrem interrupções nos trechos onde a calha dos rios é menor já a partir do próximo mês, e se refletir no preço do frete. Além disso, o modal fluvial também é responsável pelo abastecimento das comunidades ribeirinhas e o agravamento da situação pode afetar diretamente o bolso do consumidor”, observa o meteorologista da Climatempo.

Em julho, a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) afirmou que dois rios na bacia amazônica estavam com níveis de água criticamente baixos, inclusive o rio Madeira, que tem dois projetos hidrelétricos expostos às condições secas. No mesmo mês, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) solicitou que os geradores termelétricos a gás ficassem de prontidão para atender despachos ao longo do período seco, que costuma ir até novembro, e da transição para o período úmido 2024/25.

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