Substituição total, concluída em 2022, permitiu queda no consumo de energia equivalente à alimentação de 671.144 fogões. Companhia direciona 95% dos resíduos gerados para a economia circular, reaproveitando quebras cruas e refugos em pó
Em 2019, a companhia pertence ao Grupo Lamosa, segundo maior fabricante mundial de revestimentos cerâmicos com uma capacidade instalada anual de mais de 225 milhões de m2, deu início definitivo à sua jornada sustentável ao promover mudanças em seus parques fabris localizados no Paraná, nas cidades de Campo Largo e São Mateus do Sul. De imediato, a Análise do Ciclo de Vida da Roca Brasil Cerámica, que monitora os impactos da produção, apontou que o coque de petróleo, combustível fóssil utilizado na fabricação dos revestimentos, gerava impactos negativos, como a eutrofização e a acidificação dos solos e da água. O resultado provocou a decisão de extinguir o uso dessa fonte de energia no processo da empresa.
Para produzir calor e eletricidade, a companhia optou, então, por usar biomassa composta por materiais orgânicos renováveis e oriundos de plantas e organismos biológicos. A implementação da biomassa foi iniciada em 2021. Em 2022, passou a substituir completamente o combustível anterior. No último relatório de sustentabilidade, a Roca registrou uma redução de 5,2% no consumo total de energia. Esse percentual equivale a alimentação de 671.144 fogões, de cinco bocas, durante um dia inteiro. O uso da biomassa resultou ainda na redução de 13,4% nas emissões equivalentes de CO2, totalizando 10.531 toneladas de CO2 equivalentes, que correspondem à 48.406 viagens de ida e volta de São Paulo ao Rio de Janeiro.
Análise do Ciclo de Vida é rotina desde 2019
Organizar os dados é um ótimo início para empresas que queiram manter a sustentabilidade em alta em seus processos produtivos, com maior nível de transparência. Essa é a receita da Roca Brasil Cerámica, que há cinco anos adotou a Análise do Ciclo de Vida (ACV) em sua rotina para alcançar bons resultados em seu compromisso com o meio ambiente.

Além da substituição total do coque de petróleo pela biomassa, os estudos já renderam outros resultados relevantes, como a destinação de 95% dos resíduos gerados nas fábricas para reuso ou reciclagem, além da substituição total do coque de petróleo pela biomassa, um combustível renovável que gerou redução de 13,4% nas emissões equivalentes de CO2.
“Quando a empresa faz a ACV e divulga ela traz transparência para as indústrias. Uma série de indicadores, de dados, são evidenciados, o que permite melhorar seus índices continuamente. É quase uma cadeia de manejo de todos os insumos até a hora que o produto sai para o portão”, explica Christie Silva Schukka, marketing manager da Roca Brasil Cerámica, ao Integridade ESG.
A Análise do Ciclo de Vida mede os impactos ambientais de um produto ou serviço ao longo do seu ciclo de vida, acompanha a produção a partir da extração da matéria-prima até o transporte para a entrega. Nesse processo, é medida toda a energia consumida, a quantidade de água utilizada e de CO2 emitido, além de verificado os gases expelidos, gerando índices e dados. A Roca é primeira indústria brasileira de revestimento cerâmico das Américas e terceira do mundo a adotar o conceito da ACV.
Foco na DAP em 2025
Em 2025, a empresa pretende obter a Declaração Ambiental de Produto (DAP), que traz as informações ambientais do produto. Para isso, com foco na descarbonização, investe na implementação do protocolo GHG (Greenhouse Gas Protocol), um padrão globalmente reconhecido para medir emissões de gases de efeito estufa (GEE).

“O próximo passo da Roca, na busca pela sustentabilidade, é concluir o inventário de carbono, que já começou, para depois fazer a compensação, de acordo com o protocolo de GHG mundial, que contabiliza e gere as emissões dos gases de efeito estufa”, complementou Christie Silva Schukka.
Primeira empresa da construção civil a obter selo Transparency Label
À frente das marcas de revestimentos Roca e Incepa, a empresa recebeu em novembro de 2024 a chancela do selo Transparency Label, o primeiro do país e do segmento da construção civil. O certificado, realizado e concedido pela Ugreen, comprova a lisura do processo da empresa e garante que os produtos especificados seguem condutas e métricas sustentáveis.
“Esse resultado é fruto de um projeto de longo prazo que estabelecemos e que anualmente reportamos em nosso Relatório de Sustentabilidade. Nosso compromisso sempre foi o de prezar pela total clareza daquilo que realizamos e das conquistas”, avalia Christie, que acredita na criação de possíveis futuros do morar mais sustentáveis e transparentes para toda cadeia envolvida.
O selo, que avaliou todo o planejamento da Roca Cerámica executado nos últimos cinco anos, funciona como uma ponte entre a indústria e toda cadeia da construção, valida e amplifica soluções que combinam transparência, credibilidade e visibilidade.
Refugos e quebras cruas voltam para o início do ciclo da cerâmica
Em 2022, a Roca Cerámica direcionou 95,1% dos resíduos gerados para a economia circular, evitando o descarte e o desperdício. O material que quebra antes de ir para o forno volta para o início do ciclo. As quebras cruas são reutilizadas por meio da reincorporação nas massas cerâmicas. Em São Mateus do Sul, até os refugos em pó da retífica, do polimento e os provenientes do tratamento de efluentes são reutilizados para a formulação da massa cerâmica.
Ainda imbuída da preocupação com os resíduos, a empresa trabalha com embalagens 100% recicláveis e otimizadas para resguardar os produtos e pallets de madeira provenientes de reflorestamento.
Lançamento do selo Eureciclo em março
Por conta da compensação de mais de 35% das embalagens que saem da fábrica, em março, a companhia vai lançar o selo Eureciclo, a maior certificadora de logística reversa de embalagens do Brasil. O lançamento ocorrerá durante a Feira Revestir.
Para contribuir com a qualidade do ar e compensar a extração da matéria-prima das jazidas, a empresa mantém 820 hectares de áreas rurais no Paraná e em Santa Catarina, sendo 168 hectares de APPs (Áreas de Preservação Permanente), 153 hectares de Reserva Legal e 262 hectares de florestas naturais excedentes mantidos nas propriedades.