Promoção da saúde mental nas empresas deve ser estratégia de negócio para gerar resultados

por | dez 5, 2023

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O reconhecimento da Síndrome de Burnout e outros transtornos como doenças ocupacionais traz relevância para o tema, que deve ser desenvolvido pelas companhias de maneira transversal, destacam os participantes de webinar promovido pelo Integridade ESG e pelo Instituto Philos Org

O papel fundamental das lideranças na promoção da saúde mental de colaboradores e o autoconhecimento sobre as próprias emoções foram os destaques do webinar “Saúde Mental nas Empresas e a Agenda ESG: perspectivas para 2024”. Promovido pelo Integridade ESG, em parceria com o Instituto Philos Org, o encontro discutiu ainda como a tecnologia pode contribuir para gerir dados e índices comportamentais.

O webinário trouxe para o centro da discussão a importância da proteção da saúde mental em ambiente corporativo. Conduzido pela editora do portal Integridade ESG, Cintia Salomão, e apresentado pelo publisher do Integridade ESG e CEO da Insight Comunicação, João Pedro Faro, o encontro reforçou o ODS (Objetivo de Desenvolvimento Sustentável) 3 da ONU, que trata da saúde e bem-estar.

Ao focar no tema “Sensibilização e atuação das lideranças como parte de uma visão integrada de saúde mental: a experiência da Ambev”, a diretora de diversidade, inclusão e saúde mental da Ambev, Michelle Salles Villa Franca, ressaltou a transversalidade do tema junto à estratégia de negócio da companhia.

“Em todos os programas e treinamentos voltados para as lideranças, falamos de forma transversal sobre o tema saúde mental, independente do foco daquele treinamento. Como esse líder é inclusivo para fazermos essa conexão com a saúde mental?”

Michelle Salles Villa Franca, diretora de diversidade, inclusão e saúde mental da Ambev

Como as pessoas se sentem, o grau de pertencimento e a rotina delas dentro da companhia são algumas das preocupações da Ambev, de acordo com a diretora.

Inclusão de transtornos mentais em lista do MT aumenta relevância do tema

Michelle, que figura no ranking das “100 Mulheres da Inovação” da revista Época Negócios, enxerga a inclusão recente da Síndrome de Burnout e de outros transtornos mentais na lista de doenças ocupacionais do Ministério do Trabalho de maneira positiva.

“Entendo como um ponto evolutivo. Quando falamos de Burnout ainda temos n questões de como as pessoas percebem o Burnout, e de como atrelamos de forma real às questões de trabalho. É efetivo trazer essa relevância. Olho para essa urgência para que potencializemos esse trabalho, vendo a pessoa na sua totalidade. É preciso parar com aquela coisa de antigamente: da porta para dentro da empresa, sou uma pessoa. Não! Somos seres humanos completos, dentro e fora da empresa”, comentou.

Ao destacar que saúde não é ausência de doenças, Carlos Assis, fundador do Instituto Philos Org e co-autor do Anuário Saúde Mental nas Empresas 2023, publicado pela Insight Comunicação, sinalizou a necessidade de se construir um programa que promova a saúde, dando ao indivíduo a possibilidade de realização plena dos seus potenciais.

“O programa tem que ter frentes, esteiras e diferentes entidades envolvidas em projetos que são coordenados, que se comunicam, que são aferidos. E que seja transversal a diversas áreas que estejam subordinadas a esse processo”, explicou, ao falar sobre programas de saúde Integral, psicoeducação e psicoterapias nas empresas.

Para ele, o ponto principal está no desenvolvimento das lideranças.

“É indissociável pensar a promoção da saúde mental quando não há um ambiente fértil para que ações implementadas possam ser efetivas, possam florescer”, pontuou.

Para isso, ele acredita que é necessário “subir a régua” em relação aos conteúdos e às formas de desenvolvimento dessas lideranças.

Dificuldade de reconhecer os sintomas da ansiedade e outros transtornos é comum

Fundadora do Instituto Meu Ser e especialista em neuropsicologia e Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), Patrícia Gonzalez, lembrou que 62% dos brasileiros afirmam que o trabalho é uma fonte de ansiedade, estresse, tristeza, e que 72% estão no mercado de trabalho sofrem de alguma sequela decorrente de estresse.

“O que tenho ouvido muito hoje, e que é de uma gravidade gigantesca, é que as pessoas têm muita dificuldade de identificar esses sintomas, principalmente de ansiedade, no dia a dia. Há pessoas que foram obrigadas a buscar outro caminho, com muita tristeza, com muita dor, porque o corpo não estava dando conta”, salientou.

Exercícios de meditação, dança e rodas de conversas são algumas das ferramentas utilizadas por Patrícia dentro dos grupos das oficinas do Instituto Ser, nos quais são trabalhados os sinais e sintomas da ansiedade, cognitivos, físicos e emocionais, para que seja possível identificar o que o corpo está sentindo.

Na opinião do fundador da DNA Tecnologia, Marcos Bonfim, a grande dor das empresas é a falta de informação sobre o cenário de saúde corporativa, a falta de integração e habilidade de analisar e mensurar o bem-estar e a percepção dos indivíduos. Esse está sendo o maior desafio na frente dos programas mais globais das empresas. Ele vislumbra, no futuro próximo, o desenvolvimento de um índice de saúde mental que poderá se transformar num padrão de mercado, como uma “tendência que poderemos ver acontecer em função da demanda”.

“Não há nada de inovador em fazer medição, não há nada de inovador em organizar dados de uma forma profissional e estruturada. Isso a gente já faz hoje em outras áreas. Acho muito interessante perceber que existe essa demanda e a possibilidade de se transformar, fazer essa medição para permitir de forma científica para que as empresas realizem os seus programas em relação àquilo que está acontecendo de fato, e consigam medir a eficácia, a cada ano, desse programa”, concluiu o especialista no uso da inovação no campo da saúde mental corporativa.

Confira na íntegra o webinar no YouTubeLinkedIn

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