Projetos na Baía de Guanabara impulsionam economia azul

por | set 4, 2023

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Cultura oceânica tem ligação direta com a questão da educação ambiental. Decreto do programa Guanabara Azul foi assinado durante Green Rio

Lidar com a realidade hídrica do Rio de Janeiro, que tem 600 quilômetros de costa, e integrar setor público e privado, instituições de fomento nacionais e internacionais, comitê de bacia e outros atores interessados no combate à degradação ambiental da região hidrográfica. Esses são os objetivos do programa Guanabara Azul.

Com a assinatura do decreto para o programa Guanabara Azul, no primeiro dia do evento Green Rio (31/08), na Marina da Gloria, o governo do estado do Rio de Janeiro anunciou que pretende avançar na conservação da Baía de Guanabara, promovendo uma melhoria ambiental do corpo hídrico.

“O Rio de janeiro pensou que precisa também ser indutor da bioeconomia azul. Pensamos no trabalho da gestão da economia azul no estado Rio, partindo da economia do mar para a sustentabilidade”, destacou o governador em exercício e secretário estadual do Meio Ambiente e Sustentabilidade do Rio de Janeiro, Thiago Pampolha, durante a assinatura do decreto.

Segundo Pampolha, quando se cria essa política pública indutora à gestão da economia azul no estado do Rio de Janeiro fica claro aonde se quer chegar.

O documento também prevê a criação do Centro Integrado de Gestão da Baía de Guanabara (CIG-BG), responsável pelo planejamento e coordenação de ações de recuperação da Baía com uma governança compartilhada, interativa, coordenada e transparente.

“As empresas apresentam o que há de mais novo, moderno, eficiente mundo afora para aplicar aqui as soluções. São cerca de 46 países envolvidos nessa iniciativa pioneira”, acrescenta Pampolha.

O programa estratégico do governo do estado de gestão da Economia Azul traz a parceria com a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) e abraça o tema nos 25 municípios da região costeira do estado, de acordo com Ana Asti, subsecretária de Ambiente e Saneamento do Estado do Rio de Janeiro (Seas).

Educação é a base de desenvolvimento da chamada economia azul

Para a subsecretária Ana Asti, a educação é a base de todo o processo de desenvolvimento da economia azul, é a força transformadora para desenvolver essa cultura oceânica e ter uma relação diferente com esse ecossistema

Ela acredita que “a educação é um caminho que deve ser trilhado tanto do ponto de vista da juventude como no das lideranças”. Após lembrar queo oceano é responsável por 70% da área do planeta, a subsecretária destacou quea economia azul nasce como um desdobramento desse momento em que o mundo vive; é a economia do mar dentro da perspectiva da sustentabilidade.

Para Marcos Bastos, diretor de Oceanografia da Uerj, a cultura oceânica tem uma ligação direta com a questão da educação ambiental, que deve ser mais fortalecida, principalmente nos ensinos básicos. Só assim, de fato, será possível formar os adultos do amanhã com uma base consolidada e robusta nessa área de atuação.

Segundo ele, é preciso também trabalhar junto aos municípios, consolidando as atividades de saneamento com presença junto às comunidades.

“Não basta falar sobre a importância da educação ambiental e da cultura oceânica, tem que realizar ações para gerar empreendedorismo”, ensina.

Renato Regazzi, do Sebrae do RJ, concorda que as escolas têm que levar essa questão da consciência azul para as salas de aula.

“A importância do verde está clara para todos e isso foi um grande avanço para a sociedade, mas a da azul ainda não. Temos que colocar o azul no mesmo contexto do verde”. O Sebrae vai trabalhar, segundo Regazzi, para desenvolver a cultura através de formação do empreendedorismo azul.

Embaixador da Década dos Oceanos, para divulgar e promover a cultura oceânica mundial, Oscar Metsavaht enfatizou que a educação do jovem é a transformação do nosso futuro. No entanto, lamentou que a questão do futuro oceânico nos livros estudantis de primeiro e segundo graus ainda seja muito pobre nos currículos escolares.

Para contribuir com a mudança dessa realidade, Nina Braga, parceira de Oscar na Osklen e no Instituo-E, explicou que está desenvolvendo o Projeto Ocean, junto com a Unesco e a Confederação Brasileira de Surf. A ideia é espalhar a cultura oceânica através do segundo esporte mais praticado no Brasil, que reúne mais de sete milhões de surfistas.

“Além de realizar limpeza das praias, o objetivo é aproveitar esse apoio para divulgar essas ideias muito importantes nas escolas”, acrescentou.

Juliette Lassman, coordenadora da OCDE de Projetos em Cidades e Regiões para a Economia Azul, enfatiza que paraque cidades e regiões tenham segurança na água, com oceanos saudáveisé necessário o suporte dos governos. Em diferentes níveis, as lideranças devem buscar regulamentar e fiscalizar de forma correta para   seguir na direção da economia azul.

Cerca de300 startups de 46 países do mundoquerem vir para o Rio para tentar resolver os grandes desafios propostos no Projeto Blue Rio, que reúne a Beta-í, o Estado do Rio e a Uerj. O objetivo é olhar os desafios em cinco verticais importantes para o Rio: saneamento, logística em portos, navegação, sustentabilidade e energia.

 “Os ecossistemas de inovação e empreendedorismo são essenciais para o desenvolvimento socioeconômico”, ressaltou Renata Ramalhosa, da Beta-í, consultoria global de inovação colaborativa.

O oceano é castigado por terra, 80% do lixo dos mares vem da terra, como constata Álvaro Sardinha, fundador da empresa Economia Azul Centro de Competência. O professor português afirma que sua missão é fornecer, através de seus projetos, ferramentas para que as pessoas, muitas em cargos de liderança ou em universidades, as usem da forma mais correta para transformar o seu habitat.

Sardinha defendeu, em debate sobre cultura oceânica no Green Rio, que a economia azul é inclusiva e tem grandes oportunidades. As empresas, por exemplo, podem mudar e promover a mudança, são agentes transformadores, com ações e oportunidades.

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