Plataforma gratuita permite que as pequenas e médias empresas deem seu primeiro passo rumo ao cumprimento das metas sustentáveis
Os desafios enfrentados pelas empresas pequenas e médias (PMEs) para seguir a cartilha sustentável envolvem a estrutura e os recursos limitados. Uma pesquisa recente realizada pela Fiesp com a indústria nacional e sua cadeia de fornecedores mostrou que, enquanto três quartos das grandes corporações concordam com a adoção de indicadores em suas metas estratégicas, apenas metade das companhias de menor porte têm a mesma ideia.
Cada vez mais, as grandes companhias, preocupada em manter o alinhamento ESG, abrem concorrências para fornecimento de produtos ou prestação de serviços que incluem exigências técnicas sustentáveis e, ao mesmo tempo, dão preferências para preços mais baixos.
Pensando nessas dificuldades, a Codex, que nasceu como startup e desenvolve sistemas específicos para monitorar as ações ambientais do mundo corporativo, desenvolveu, em parceria com a Fundação Dom Cabral (FDC), uma plataforma gratuita e intuitiva que ajuda os pequenos e médios negócios a darem seus primeiros passos no universo ESG.

“Tivemos a ideia de construir a plataforma Legaro com o propósito de contribuir para que as pequenas e médias consigam seguir a agenda ESG. Após fazermos pesquisas, concluímos que as empresas grandes tinham condições estruturais de seguir as metas sustentáveis, enquanto a maioria das PMEs não têm condições sequer de ter um gerente dedicado nas questões socioambientais”, esclarece ao Portal ESG Integridade a gerente de marketing da Codex, Valesca Reichelt.
A plataforma “dá uma luz” para as PMEs, que, ao responderem às perguntas sobre gestão, recebem um diagnóstico que inclui pontuação e mostra os indicadores mais fortes e aqueles a serem melhorados.
O questionário reúne um máximo de 180 perguntas, divididos em quatro temas: governança, social, ambiental e econômico. Todos os 17 ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustável) da ONU estão contemplados na análise. De acordo com o nível de complexidade, a empresa já consegue obter um score mais simples ao responder cerca de 40 perguntas.
Um dos diferenciais da plataforma Legaro está na sua perspectiva educacional.
“Quem não tem conhecimento sobre o mundo ESG, na medida em que preenche o cadastro, que é autoexplicativo e demonstra o que realmente importa, aprende”, resume Valesca, esclarecendo que a plataforma é altamente intuitiva, mas que a empresa está disponível para guiar o usuário em caso de dúvidas.
Baseado em um compilado de referências, do Dow Jones ao Fórum de Davos
Entre os questionamentos ligados às práticas ambientais, estão perguntas sobre licenciamento ambiental, eventuais multas, destinação correta de resíduos sólidos, certificações e uso de tecnologias de eficiência energética
Em âmbito social, as perguntas se referem à identidade racial dos colaboradores, à política de proteção de dados de clientes, a práticas trabalhistas, à questão da desigualdade salarial, à segurança no manuseio de materiais perigosos e à taxa de acidentes de trabalho.
Para a análise da governança, há indagações sobre programas de capacitação, campanhas de conscientização e remuneração variável de acordo com as metas ESG.Os aspectos socioambientais incorporados na gestão de riscos corporativos, o compartilhamento de demonstração financeira e as práticas que gerenciam o impacto e o valor criado para a sociedade ou seus clientes constam nas perguntas de viés econômicos.
Para calcular e gerar o score ESG, a plataforma utiliza como referência um compilado com as métricas mais usadas pelo mundo dos negócios, como o ISE B3, as ODS medidas pela ONU, o Índice Dow Jones e os parâmetros do Fórum Econômico Mundial, conhecido como Fórum de Davos.
Cerca de 100 empresas, de variados setores, usam o Legaro como plataforma. Além de terem acesso aos próprios indicadores, os inscritos podem elaborar e salvar um plano de ação dentro do mesmo ambiente. “A partir do momento em que geram seu score e elaboram seu plano de ação, podem definir quem será o responsável por cada setor. Isso permite que a empresa se auto-organize e concentre suas referências em um único lugar”, analisa a gerente da Codex.