Petrobras criará empresa para estar entre os maiores produtores de etanol, revela Tolmasquim

por | nov 29, 2024

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Durante seminário realizado pela Missão Econômica da Bélgica no Brasil, diretor de Transição Energética da companhia falou sobre alguns dos projetos de baixo carbono para um cenário de convivência com a produção de fósseis

Transição energética, petróleo e gás, descarbonização dos portos, hidrogênio verde e energia eólica offshore são alguns dos temas que mais têm preocupado especialistas, empresas, estudiosos, autoridades e a sociedade de um modo geral. O diretor de Transição Energética e Sustentabilidade da Petrobras, Mauricio Tolmasquim, tem ressaltado que o aumento de 40% para atividades de extensão energética de baixo carbono demonstra a importância que o assunto tem para a companhia estatal, lembrando que as iniciativas começam pela descarbonização da própria empresa. 

“O petróleo e o gás, em todos os cenários futuros, aparecem como ainda sendo demandados em 2050, mas em um valor menor percentualmente do que é hoje. Então, a gente vai ter uma disputa maior por esse mercado. E nós, da Petrobras, nós queremos estar entre esses produtores que estarão produzindo petróleo e gás em 2050. E para isso, nós sabemos que nós temos que, no nosso processo produtivo, utilizar menos carbono, fazer uma emissão menor”, disse, ao reiterar a meta de emissões líquidas zero em 2050 e a de near-zero (quase zero) de emissões de metano em 2030.  

“Alargamos a meta anterior, de forma que, até 2030, apesar de estar instalando um número grande de FPSOS novos, estamos nos comprometendo a ter um aumento de emissões líquidas zero”, afirmou Tolmasquim, no seminário Brasil e Bélgica: facilitando a transição energética – O papel dos portos e a importância das parcerias com indústrias e o poder público, realizado no final de novembro pela Missão Econômica da Bélgica no Brasil, na Casa Firjan, na capital fluminense.  

O evento contou com a presença de Sua Alteza Real Princesa Astrid da Bélgica e com cerca de 40 empresários do país europeu que estão no Brasil para encontros com empresários brasileiros e representantes dos governos estadual e federal, em setores econômicos estratégicos da relação bilateral. 

No painel “ Sinergia entre hidrogênio, energia eólica offshore e portos para um futuro sustentável”, Tolmasquim ressaltou ainda que a Petrobras pretende estar entre os principais produtores de etanol do país e, para isso, vai criar uma terceira empresa que terá mais agilidade para atuar no setor.  A ideia é comprar, se associar com grandes produtores de etanol, que tenham já um grande parque de usinas, informou, após lembrar que a Petrobras resolveu voltar ao etanol.  

“Nós colocamos US$ 2,2 bilhões para esse retorno. Isso será feito em parceria com alguma grande empresa, nós já estamos conversando. O biodiesel  já tem hoje duas plantas operando. Além disso, essa parte do combustível tem um valor também de um milhão de dólares para a P&D”, acrescentou. 

Ele afirmou ainda que é importante diversificar a carteira de produtos para terem produtos de baixa emissão dentro do portfólio de produtos da empresa.  

“Achamos que isso é importante, não apenas em termos reputacionais, mas em termos de estratégia de negócio, porque, paulatinamente a gente quer manter o piso da Petrobras. E para manter o piso da Petrobras, num cenário que eventualmente ainda tenha petróleo, mas em menos proporção do que agora, tem que crescer em outras formas de energia”, alertou o pdiretor da Petrobras. 

Para tanto, a empresa está colocando um recurso expressivo em produtos de baixo carbono, como a eólica offshore e a solar offshore porque são tecnologias maduras, que tem no mercado grande número de projetos disponíveis.  

Tolmasquim enfatizou que “tem o dinheiro, o capex (investimentos em bens de capitais) e os projetos. Falta a demanda, mas a demanda está vindo. Por que está vindo? Porque o Brasil voltou a crescer e, quando o Brasil cresce, cresce a demanda de energia, a partir da qual você volta aos preços a patamares que justificam investimentos na expansão do offshore. Então, não tenho dúvida que esses projetos virão, mas justamente no tempo adequado que possamos viabilizá-los”. 

Abeeólica defende leilão imediato após aprovação do marco das eólicas offshore

Após lembrar que o mundo está passando por uma importante transformação econômica, buscando um novo modelo econômico fundamentado numa economia de baixo carbono, associada às questões das mudanças climáticas, a presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica), Elbia Gannoum, afirmou que tem informação de que o marco regulatório das eólicas offshore será votado no Senado.  

“Eu acho que é muito importante destacar que estamos falando de uma série de aparatos legais e regulatórios que nós estamos construindo, que é um futuro muito próximo, mesmo com o Tolmasquim falando que gente não tem um investimento em um offshor agora. Se o Brasil não fizer agora, ele vai perder essa oportunidade. recurso renovável o país tem demais, mas é importante que traga esse portfólio, essa solução do portfólio. O Brasil tem que fazer agora a lei, tem que preparar todo o aparato para ter offshore em 2030, 2031”, enfatizou. 

A Abeeólica tem conversado com o governo sobre a necessidade de preparar imediatamente um leilão de sessão diária, comentou.

“Com a lei, no dia seguinte, a gente já vai trabalhar para preparar esse leitão de sessão de áreas e criar toda essa estrutura que a gente precisa para o offshore”. 

Fabio Lavor Teixeira, secretário executivo adjunto do Ministério de Portos e Aeroportos, disse que a mudança climática não é mais uma possibilidade, e sim uma realidade. Temos que unir esforços de todos os países para evitar que esse quadro se grave, na palestra sobre transição energética: o cenário brasileiro.  

“O consumo de energia líquida, captura a armazenagem de carbono, os acessos terrestres, rodoviários e ferroviários têm que ser repensados também, bem como os processos de dragagem, navegação, operação de cai e armazenagem. Enfim. Todas as etapas do processo de logística devem ser repensadas sob uma nova ordem, a ordem da redução de carbono, a ordem da diminuição da nossa pegada de carbono e a ordem de prática mais sustentáveis”, avaliou. 

Participaram ainda da abertura do seminário Matthias Diependaele, ministro-presidente da Flandres, Piet Demunter, CEO Interino da Flanders Investment & Trade, e Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira, presidente do Conselho Superior da Firjan.   

Jacques Vandermeiren, CEO do Porto da Antuérpia-Bruges, Daan Schalck, CEO do Porto do Mar do Nort, e Rogério Zampronha, CEO da Prumo Logística/Porto do Açu, debateram sobre como as parcerias entre Brasil e Bélgica reduzem a pegada de carbono no mundo,  

Além de Tolmasquim e Elbia Gannoum, Tom Hautekiet, presidente do Conselho Belga do Hidrogénio, participou do debate sobre sinergia de hidrogênio, energia eólica offshore e portos para um futuro sustentável, moderado por Karine Fragoso, Gerente Geral da Firjan Óleo, Gás, Energia e Navegação .

O painel de discussão sobre casos de sucesso belgas no mundo reuniu Raphaël De Winter, diretor de Desenvolvimento de Negócios e Inovação na Fluxys; Disney Neto, diretor executivo na Deme; Yannick Sel, diretor comercial do grupo – projetos na Sarens; Danilo Ambrosio, gerente de Vendas e Desenvolvimento de Negócios da Tractebel, e Carl Heiremans, líder de Desenvolvimento de Negócios  Gerente – Offshore na Jan de Nul. O painel foi moderado por Laura-Johanna Cluytens, Conselheira de Ciência e Tecnologia da FIT. 

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