Em meio ao crescente debate sobre mudanças climáticas e transição energética, um recurso valioso permanece negligenciado por muitas prefeituras brasileiras: os resíduos sólidos urbanos. O lixo produzido nas cidades, que poderia ser transformado em biogás, biometano e eletricidade, continua sendo descartado em aterros e lixões, sem aproveitamento energético.
Contudo, muitas prefeituras ainda alegam falta de recursos financeiros para investir em soluções de energia limpa, sendo necessário incentivos da esfera federal. Ela cita como exemplo a necessidade de rever linhas de financiamento que hoje só contemplam a rota da eletrificação para descarbonização do transporte público.
“O Brasil tem uma riqueza que permite a eletrificação e uso de biometano para descarbonização do transporte. É importante que o próprio Ministério de Meio Ambiente permita que o financiamento também possa ser direcionado a transporte a biometano, trazendo o foco para todas as opções de mobilidade urbana de baixo carbono”, afirma a presidente executiva da Associação Brasileira de Biogás (ABiogás), Renata Beckert Isfer, à Agência Eixos.
Setor automotivo aprova aumento do teor de biodiesel até 15%
A Lei do Combustível do Futuro, que altera os limites do teor de mistura do etanol anidro à gasolina C e do biodiesel ao óleo diesel, comercializados ao consumidor final, tem a aprovação da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). Favorável à legislação, a entidade ressalta que o texto prevê testes antes que misturas maiores do que o suportado atualmente pelos automóveis sejam permitidas.
A norma diz que a mistura de etanol passará a ser de 22% a 27%, podendo chegar a 35% – no momento, pode atingir 27,5%, sendo, no mínimo, 18% de etanol. E que a mistura de biodiesel no diesel subirá um ponto percentual por ano até alcançar 20% em março de 2030, conforme metas – hoje, é de 14%.
De acordo com a Anfavea, os atuais carros flex produzidos no Brasil podem receber qualquer teor de etanol na gasolina sem problemas, ou seja, a lei não trará nenhum tipo de mudança na produção. Para os modelos a diesel tampouco haverá complicação caso o percentual seja de até 15% de biodiesel – previsto para ser alcançado em 2025. Se a margem for ultrapassada, a Associação defende a realização de testes. De fato, o texto impõe medidas nesse sentido, atribuindo decisões à avaliação do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE).
Insper lança Guia para impulsionar a Eletromobilidade no Transporte Público
O Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper) lançou o Guia de Eletromobilidade para Cidades Brasileiras: Transporte Público. A publicação, desenvolvido em parceria com o Itaú Unibanco, visa a auxiliar gestores públicos na modernização das frotas de ônibus e na transição para um sistema de transporte mais limpo.
A publicação analisa as experiências de eletrificação de frotas de ônibus no Brasil e em outros países da América Latina, identificando os desafios e as melhores práticas internacionais. O guia é direcionado a gestores públicos, empresas de transporte, pesquisadores e outros atores envolvidos no planejamento urbano, oferecendo informações sobre o cenário da eletromobilidade, contratos, regimes licitatórios e riscos.
Um dos principais obstáculos à eletromobilidade é a capacidade limitada da indústria nacional em produzir ônibus elétricos em larga escala. Outro desafio é a necessidade de uma reestruturação da infraestrutura urbana para a recarga dos ônibus, que é mais complexa do que a infraestrutura para veículos particulares.