“O hidrogênio é a solução para descarbonizar aviação”

por | jun 20, 2024

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Para o presidente da Airbus Brasil, Gilberto Peralta, SAF desfossiliza, mas não descarboniza. Apesar de não eliminar emissões, produção de combustível a partir de óleos vegetais, como o de macaúba, tem grande potencial para impulsionar o pilar S no país, defendeu durante o Energy Summit

A descarbonização dos combustíveis de fato, no setor da aviação, virá somente com a propulsão por hidrogênio, o que deve acontecer em um futuro mais distante. A previsão é de Gilberto Peralta, presidente da fabricante Airbus Brasil.

“Isso vai acontecer mais para frente. Hoje está sendo desenvolvido o processo de armazenar o hidrogênio. Enquanto não tiver isso, não será possível”, resumiu, em conversa com o Integridade ESG em um intervalo do Energy Summit, evento global do setor, realizado no Rio.

A etapa precedente ao uso do hidrogênio como combustível das aeronaves será precedida pelo SAF (Combustível Sustentável de Aviação), proveniente de óleos vegetais. No entanto, o líder no Brasil da multinacional de origem europeia define o SAF como um processo de desfossilizante, que não descarboniza, mas que não emite mais gases.

“O termo correto é desfossilização, não descarbonização. O SAF é o primeiro passo para pararmos de jogar mais carbono na atmosfera. A descarbonização mesmo será feita com a propulsão por hidrogênio. Até 2050, ainda vamos coexistir com o SAF”, afirma.

Ele também citou o potencial para o pilar S do desenvolvimento do SAF a partir de matérias-primas, como a promissora macaúba,  palmeira resistente à seca.

Painel no Energy Summit reuniu presidente da Airbus Brasil, Gilberto Peralta; diretor institucional da Azul, Fábio Campos, e diretora de Aviação da Vibra Energia, Camila Mota

“O SAF tem todo um lado social, abordando uma visão ESG mais ampla. O cultivo na Bahia, por exemplo, pode desenvolver a região. Outra vantagem é que não são necessárias refinarias de grande porte”, comentou durante o painel, mediado pela diretora de Aviação da Vibra Energia, Camila Mota.

Azul investe na eficiência da frota enquanto aguarda expansão do SAF

Tanto a fabricante Airbus quanto a companhia aérea Azul defendem a modernização da frota como maneira mais viável do, no momento, para atingir as metas climáticas, diante da imaturidade do mercado do SAF, que carece de regulação e outros incentivos. Trata-se de tecnologias que permitem um uso de menor quantidade de querosene e tornam o transporte menos poluente e mais eficiente.

“O SAF custa quatro vezes mais caro do que o combustível fóssil. Já pensaram em repassar isso para o consumidor? A cadeia ainda não está pronta para adotar o SAF. Entretanto, saltamos para uma nova geração de aviões com 25% menos carbonização na atmosfera. Novas tecnologias estão vindo, e estamos acompanhando isso”, pontuou o diretor institucional da Azul Linhas Aéreas, Fábio Campos, durante painel sobre descarbonização no setor, no terceiro dia do evento, no Rio de Janeiro.

No ano que vem, quase a totalidade dos aviões da companhia fundada em 2008 contará com modelos de emissão mais baixa de CO2.

“Em 2025, teremos mais de 95 por cento da nossa frota modernizada com modelos da nova geração, que emitem de 20 a 25% menos carbono. A meta da companhia aérea é ser NetZero até 2045, e o primeiro passo é a renovação da frota. Porém, o mercado de combustível sustentável do setor ainda precisa escalar para viabilizar esse resultado”, afirmou.

Apesar dos desafios para a produção em larga escada de SAF, os participantes do painel acreditam no papel de liderança do país junto à produção de combustíveis não fósseis voltados para o transporte aéreo.

“O Brasil é celeiro mundial desse mercado e tem um importante papel a ser desempenhado”, frisou a diretora da Vibra, Camila Mota.

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