Índice de Sustentabilidade Empresarial da Bolsa de Valores passou a medir o risco de reputação Peak RRI
O Índice ISE B3 foi lançado pela Bolsa de Valores como iniciativa pioneira do mercado financeiro na América Latina, em 2005, e classificado como o quarto índice de sustentabilidade no mundo. Conhecido simplesmente como ISE B3, que significa “Índice de Sustentabilidade Empresarial”, constitui o indicador do desempenho médio das cotações dos ativos de empresas selecionadas de acordo com critérios que medem o comprometimento com a sustentabilidade empresarial.
Inicialmente, o ISE B3 recebeu financiamento da International Finance Corporation (IFC) — braço financeiro do Banco Mundial. A classificação apoia as empresas que investem nas melhores práticas ESG (Ambiental, Social e de Governança Corporativa), o que contribui para a perenidade dos negócios.
A última atualização da recente carteira do ISE B3 foi anunciada em dezembro de 2021, e entrou em vigor e no dia 3 de janeiro de 2022. O período de vigência vai até 30 de dezembro de 2022.
A listagem atual reúne 48 empresas, pertencentes a mais de 20 setores, entre as quais Sul América (SULA11), TIM (TIMS3), Suzano S.A. (SUZB3), GRUPO NATUEA (NTCO3), LIGHT S/A (LIGT3), Magazine Luiza (MGLU3), NeoEnergia (NEOE3), Ecorodovias (ECOR3) e Azul (AZUL4).
Além dos critérios de inclusão, a metodologia do ISE B3 utiliza critérios de exclusão pelos quais ficam de fora da listagem as empresas que, durante a vigência da carteira, se envolvam em incidentes que as tornem incompatíveis com os objetivos ESG, entre outros fatores.
Novos critérios incluem questões mais específicas e direcionadas para cada setor
A B3 alterou alguns critérios para a entrada no índice, que passaram a valer em 2022. Houve uma mudança nos questionários, que foram simplificados, com menos perguntas. As questões ficaram mais específicas, voltadas para cada tipo de indústria, e agora consideram a avaliação de dois fornecedores externos.
Passaram a ser avaliadas questões como Capital Humano, Meio Ambiente e Clima, Modelo de Negócios e Inovação, Governança Corporativa e Alta Gestão e Capital Social. A frequência da revisão da carteira foi aumentada: passa a acontecer duas vezes ao ano (em maio e em setembro). A revisão divulgada em maio vale até agosto de 2022, quando a lista passa por uma nova triagem.
Eletrobras voltou ao índice em maio de 2022 após reduzir o Peak RRI de risco reputacional
Foi na última avaliação, divulgada em 2 de maio, que a Eletrobras retornou ao portfólio do índice de sustentabilidade da Bolsa de Valores. A empresa havia sido excluída do ISE B3 em dezembro de 2021. Agora, é opção para o investimento do FGTS pelos trabalhadores, como já aconteceu no passado com a Vale, fora do índice depois da tragédia de Brumadinho.
Eletrobras conseguiu retornar à carteira após baixar seu risco reputacional Peak RRI, medido através da imprensa, para 49 pontos
“Os esforços realizados foram no sentido de manter o alto nível de práticas sustentáveis nas empresas Eletrobras, e estar sempre à disposição dos stakeholders para a provisão de informações ou dirimir dúvidas sobre os nossos negócios. Nossa atuação ratifica a distinção da Eletrobras como a melhor reputação corporativa do setor de energia elétrica nos últimos dois anos, segundo estudo realizado pelo Monitor Empresarial de Reputação Corporativa (Merco)”, divulgou a assessoria da Eletrobras ao Portal ESG Sustentabilidade sobre o retorno ao ISE B3.
Em dezembro de 2021, a empresa do setor elétrico tinha atingido a 33ª posição no ranking, e não conseguiu ser incluída no índice em função dos novos critérios adotados. O parâmetro de exclusão foi o risco de reputação Peak RRI — um índice de risco reputacional em aspectos ESG ambientais, sociais e de governança — o qual, em 24 meses, ultrapassou o limite definido (53 pontos).
De acordo com a Eletrobras, a metodologia adotada, de captar informações publicadas pela imprensa, sem considerar informações envidas pela empresa, explica por que a empresa não logrou atender ao critério. Reavaliado em maio, o Peak RRI foi, então, reduzido para 49 pontos, o que permitiu o retorno da Eletrobras à carteira.
“A participação no ISE B3 permite que a empresa avalie seu desempenho por meio de indicadores de performance, e promova um Mapeamento de Gaps e as melhorias nos seus processos de gestão”, ressaltou a empresa.
Para atingir as metas ESG, a Eletrobras conta com o Programa Sustentabilidade 4.0, integrante do Plano Diretor de Negócios e Gestão, composto por 12 projetos ligados às dimensões social, ambiental, de governança e econômico-financeira.
Confira os critérios para ingressar no Índice de Sustentabilidade Empresarial B3
– nota mínima no Score ISE B3, igual ou maior que a nota de corte geral aplicável a cada ciclo anual de seleção (o Score ISE B3 é utilizado como critério de seleção das empresas integrantes da carteira e como base para ponderação dos ativos que a comporão. Seu valor é calculado pela aplicação do Fator Qualitativo (FQ) sobre o Score Base (somatória dos pontos obtidos na avaliação quantitativa), por meio do questionário ISE B3 e do Score CDP-Clima);
– nota mínima, maior ou igual que 0,1 pontos, no desempenho quantitativo por tema;
– nota mínima de 70 pontos percentuais na avaliação qualitativa das evidências;
– nota mínima no Score CDP-Clima igual ou superior a “C” (índice produzido pela organização internacional CDP, utilizado para avaliar as empresas em relação às questões referentes a mudança no clima);
– nota inferior ao teto no RepRisk Index – Peak RRI (que é um índice de risco reputacional em aspectos ESG ambientais, sociais e de governança nos últimos 24 meses), produzido pela empresa RepRisk, com base em notícias veiculados na imprensa. As empresas avaliadas não podem apresentar contrapontos às matérias e conteúdos selecionados. Esse índice varia de 0 a 100, sendo considerado, pela B3, um limite de 50 pontos para a empresa seja incluída na carteira do ISE
– resposta positiva às perguntas do questionário classificadas como requisitos mínimos aplicáveis ao setor da empresa.
*Colaboração de Claudia Mendonça