Maiores empresas do Brasil contra a desigualdade racial

por | jun 9, 2023

4 minutos de leitura
Compartilhe:

Gigantes miram a criação de um ambiente de trabalho mais diverso e inclusivo

O abismo de oportunidades entre pessoas negras ou pardas e brancas no Brasil ainda é alarmante e casos de racismo ainda chocam o país. Para debater a jornada antirracista necessária, Marina Peixoto (foto), diretora-executiva do Movimento pela Equidade Racial (MOVER), falou com o Integridade ESG sobre os desafios e os planos para promover a diversidade, a equidade e a inclusão no ambiente corporativo e junto à sociedade. Fundado em 2021, o MOVER já reúne 47 grandes companhias brasileiras que têm como meta criar 10 mil posições de liderança para pessoas negras e capacitar e gerar oportunidades para 3 milhões de representantes desse grupo até 2030.

“Há muitos desafios a serem enfrentados na luta contra o racismo no mundo corporativo, como, por exemplo, a diferença salarial, os critérios de contratação e a falta de representatividade negra em cargos de liderança. Nós, empresas do MOVER, lutamos a cada dia para mudar e mover essa agenda”, defende Marina Peixoto.

Embora a população negra seja maioria (56%), segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), essa parcela é a que tem os menores índices de acesso à educação, à saúde e ao mercado de trabalho. Recente estudo do LinkedIn revelou que 45% dos profissionais negros nunca ocuparam um cargo de liderança e 55% já desistiram de uma vaga por medo de racismo.

O MOVER trabalha em três pilares para mudar essa realidade: “liderança”, “emprego e capacitação” e “conscientização”. No primeiro, as empresas signatárias se comprometem a criar um total de 10 mil novas posições para pessoas negras em cargos de liderança até 2030. No segundo, o foco é a geração de oportunidade para três milhões de pessoas, por meio de cursos, mentorias e conexão com o mercado de trabalho. Já no último pilar, a iniciativa atua como uma ferramenta de apoio na conscientização com uma comunicação ativa para todos os públicos da cadeia de valor.

Para isso, o movimento promove uma agenda recorrente de encontros com as organizações para debater os temas relacionados. “Apoiamos também a divulgação das vagas e a união do potencial de cada empresa para, juntas, promover mudanças estruturais em nossa sociedade”. Em breve, será lançada a plataforma integrada de oportunidades de trabalho e talentos das companhias participantes.

55% dos profissionais negros desistiram de vaga por medo de racismo

O estudo “Carreiras com Futuro”, realizado peloLinkedIn em parceria com a consultoria Santo Caos, mostrou também que 55% dos profissionais negros já deixaram de aplicar para uma posição mais alta ou para uma vaga por acharem que não seriam bem recebidos naquele ambiente ou que não seriam considerados para a posição. Além disso, os números apontam que 45% das pessoas negras nunca ocuparam cargos de liderança e 38% delas nunca foram promovidas mais de uma vez durante a trajetória profissional. A pesquisa foi realizada com 1.567 pessoas de todo país, em outubro de 2022.

Racismo estrutural

“Em um país como o Brasil, com tamanha desigualdade social, com uma herança de um racismo estrutural de séculos e onde a cor da pele ainda define o acesso às oportunidades de uma grande parcela da população, precisamos cada vez mais dar luz ao ¨Social¨ e ao combate ao racism”, reflete Marina.

Ainda há uma longa jornada nesta direção, mas a executiva defende que existe uma preocupação real e crescente com a equidade racial, por meio do combate à discriminação, do desenvolvimento de ações afirmativas para maior geração de oportunidades e de uma série mudanças de políticas internas que ajudam na criação de ambientes de trabalho mais inclusivos.

“Em um espaço diverso, cria-se uma cultura mais positiva, onde cada colaborador se sente valorizado, respeitado e com liberdade de colocar as suas opiniões e ideias sem medo. Isso aflora o potencial de inovação, traz melhores resultados financeiros e maior resiliência e criatividade perante as adversidades e desafios de negócio. Investir no ‘Social’ do ESG é investir também na prosperidade do negócio”, complementa Marina.

Empresas signatárias do movimento

Atualmente, o MOVER é formado por 47 empresas: Alcoa, Aliansce Sonae, Ambev, Americanas S.A., Arcos Dorados-McDonald’s, Atento, Bain & Company, BRF, Cargill, Coca-Cola Brasil, Colgate-Palmolive, CSN, Danone, Descomplica, DHL Supply Chain, Diageo, Disney, Dow Brasil, EF, General Mills, Gerdau, GPA, Grupo Carrefour Brasil, Heineken, JBS, Kellogg, Klabin, Kraft Heinz, L’Oréal Brasil, Lojas Renner, Magalu, Manserv, Marfrig, MARS, Michelin, Mondelëz International, Moove, Nestlé, PepsiCo,, RD – Raia Drogasil, Sodexo, Tenda Atacado, UnitedHealth Group Brasil, Vale, Via, XP Inc. e 3M.

Leia também

Seja ESG. Inscreva-se para receber gratuitamente notícias, informações e tendências ESG