Organização criada em 2014 pela McKinsey atua em 18 países e vai ao encontro da demanda direta de companhias em setores com déficit de mão de obra, como TI
A Generation, organização independente e sem fins lucrativos de educação voltada para o emprego, nasceu para resolver um problema: reduzir o desemprego entre os jovens. Calcula-se que existam mais de 75 milhões de jovens desempregados no mundo. E incontáveis empresas necessitando de profissionais para preencher suas vagas de entrada. Foi assim que, em 2014, ela nasceu. Entre as empresas que atende hoje, estão Mercado Livre, Itaú, Capgemini e Ambev.
“A organização foi criada originalmente pela consultoria McKinsey, a partir de um estudo de empregabilidade que foi feito na época pelos sócios da prática de educação que se dispuseram a estudar e entender o desafio do emprego entre os jovens”, conta Andrea Matsui, CEO da Generation Brasil.
Na época, eles perceberam que havia um problema, um desafio crônico não só nos países em desenvolvimento, mas em todos os lugares do mundo, no qual os jovens saem da escola e não conseguem emprego, não conseguem crescer na vida.

“O desemprego entre jovens é tipicamente o dobro do desemprego da população adulta. Essa também é a realidade no Brasil e afeta todos, na média geral, mas com impacto bem mais acentuado entre as populações mais vulneráveis”, explica a CEO.
A ideia é promover mobilidade socioeconômica durável através da inclusão produtiva. A atuação da Generation é estratégica, pois busca setores em crescimento, com alta demanda alta por emprego e com brecha de qualificação profissional. Ou seja, aquelas nas quais os RHs estão tendo dificuldade de contratar em função da falta de qualificação.
“E essa qualificação pode ser resolvida por um programa de curta duração, pois tem qualificação que precisa de um diploma de ensino superior e essa tem as faculdades para resolver. Estamos atuando junto a profissões que precisam de uma formação curta, efetiva e que consigam, depois, abrir espaço no mercado para a pessoa com esse certificado, com essa formação”, conta Andrea.
Atuação no Brasil vai ao encontro da demanda direta dos empregadores
A Generation desenvolve inclusão produtiva por meio de um programa de formação desenhado em função do que o mercado está buscando de fato.
“Esse é o nosso principal diferencial. Não fazemos formação por fazer porque achamos que aquilo lá é importante. Fazemos porque o empregador fala”, explica Andrea.
A área de Tecnologia da Informação (TI) geralmente é a que tem mais necessidade de atuação da inclusão produtiva por se tratar de um setor em constante crescimento e também por historicamente sofrer um déficit de mão de obra especializada.
“Não é à toa o setor em que acho que devemos ter em todas as Generations no mundo hoje”, resume, sobre a importância do setor em 18 países nos quais a ONG internacional atua.
No Brasil desde 2019, a Generation treina hoje por volta de mil pessoas por ano no país.
“Já formamos quatro mil alunos até hoje e queremos chegar a 50 mil até 2030”, afirma a CEO.
Cerca de 90% dos alunos têm entre 18 e 29 anos, mas a presença de idades superiores tem aumentado.
“Já aceitamos alguns alunos na faixa etária de 30, 40, 45 anos. Estamos tentando trabalhar com pessoas mais velhas. Todos vêm de um contexto de vulnerabilidade. Sem emprego ou empregados, mas de forma informal ou com remuneração muito baixa”.
Meta é atingir metade do sexo feminino e 60% de pessoas negras
Para estudar na Generation, a única exigência é ter o ensino médio completo. Não há necessidade alguma de formação técnica. A meta é ter 50% de mulheres e 60% de negros. A atuação da ONG hoje acontece em quatro cidades: São Paulo, Campinas (SP), Rio de Janeiro e Recife. Os planos incluem expansão até Minas Gerais e Rio Grande do Sul.
Os cursos de tecnologia duram três meses e os de vendas, um mês, em formato online e de forma síncrona, via plataforma Teams. No caso dos de tecnologia, o foco é formar desenvolvedores web. A última turma formada em São Paulo foi de desenvolvedores Java, JavaScript e AWS. A formação é para profissionais de nível de entrada, com capacidade para já chegar nas empresas rodando.
O processo seletivo é concorrido. A Generation recebe de mil a três mil inscrições para cada turma composta por 40 a 45 vagas. A taxa de empregabilidade é de 79% em até seis meses após a conclusão dos cursos. Além disso, 90% dos formados permanecem empregados entre dois e cinco anos depois da formação, demonstrando a eficiência das parcerias com o setor corporativo.