Saiba mais sobre a corrente de resistência à agenda verde influenciada pela polarização política que tenta impor atrasos às medidas sustentáveis no mundo
*Por Gustavo Loiola
Apesar do avanço das empresas em adotar práticas mais sustentáveis e alinhar suas estratégias aos princípios ESG, que focam em conceitos ambientais, sociais e de governança, é importante entender que não existe unanimidade no tema. Em alguns países, são cada vez mais presentes movimentos que vão contra as discussões e debates relacionados a essas dimensões.
Os termos anti-ESG e “greenlash”, que nominam a resistência à adoção de medidas e práticas ESG, são ondas que atuam de forma contrária aos esforços sustentáveis realizados, principalmente, nos Estados Unidos e alguns países da União Europeia. Enquanto a agenda ESG vem impactando empresas de tamanhos variados e incentivado o mundo corporativo e empresarial a repensar suas ações, o movimento anti-ESG surge como uma reação crítica e combativa a esses princípios.
O movimento anti-ESG busca contestar e questionar todos os investimentos que utilizam as ações verdes e de cunho social. Os críticos debatem, por exemplo, que a agenda ESG pode ser prejudicial para a área da economia, que no ponto de vista do movimento, deveria ser protegida. Para eles, o ESG é uma ferramenta para impor uma agenda progressista, com influência de bancos e empresas. Essas ações têm ganhado força nos EUA, levando a alterações legislativas em vários estados e ao surgimento de fundos anti-ESG no mercado financeiro estadunidense.
Greenlash impõe atraso nas políticas de sustentabilidade
Já o termo “greenlash” surge como uma espécie de estratégia para impor um atraso nas políticas sustentáveis. Ele reflete um enviesamento sobre o que trata o tema ESG, seja por falta de informações sobre a sua atuação benéfica, seja pelos gastos associados a essas práticas. Além disso, o greenlash sofre forte influência da polarização política. Na União Europeia, bloco considerado referência em questões ambientais, o greenlash se manifesta como uma reação contrária aos esforços sustentáveis, mesmo com planos de descarbonização e novas leis baseadas em critérios sociais e ambientais.
Mesmo que o movimento anti-ESG e o greenlash sejam minoritários, eles podem, sim, afetar e destruir conquistas importantes e relevantes dos últimos anos. Isso significa a reversão de todo um processo de transição verde que passou a ser adotado por diversos países e uma série de instituições. É importante que as empresas e seus líderes compreendam e acatem os benefícios dessas agendas globais, buscando alcançar estabilidade entre a sustentabilidade e o crescimento econômico. Só assim será possível avançar em direção a um futuro mais sustentável e responsável.
*Gustavo Loiola é professor e consultor em ESG, além de gerente de Projetos Educacionais no PRME/ONU.