Green Rio: solução para desafio climático está na bioeconomia

por | set 4, 2023

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Evento na capital fluminense expôs boas práticas corporativas e reuniu autoridades em torno de soluções para desafio climático

“Não há uma solução para o desafio climático sem o Brasil. A floresta amazônica é um dos pontos chaves do mundo”. A opinião do cônsul-geral adjunto da Alemanha no Rio, Joachim Schemel, foi proferida na abertura da 11ª edição do Green Rio/Green Latin America, no Rio de Janeiro. O evento voltado à bioeconomia, com 90 expositores e cerca de 100 palestrantes, reuniu instituições e especialistas do Brasil e do exterior para discutir soluções sobre o  tema.

O cônsul da Alemanha ressaltou que a bioeconomia é uma chave para solucionar muitos problemas ecológicos que estamos enfrentando. E lembrou que a floresta amazônica não tem somente um valor imenso natural: é também a casa de milhões de pessoas, especialmente dos povos originários, que têm muita experiência na economia à maneira deles.

Raquel Ribeiro, chefe de gabinete da Secretaria Executiva do Ministério de Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, que participou do evento, levou e expôs a mensagem explícita do presidente Lula:

“Não será com protecionismo verde disfarçado de medida ambiental que iremos superar o desafio de combater a fome e a mudança do clima. É preciso que os países em desenvolvimento sejam parte da solução em bioeconomia, e não apenas tomadores de regras externas”.

O MDA se dedica ao restabelecimento e à melhoria das diversas políticas direcionadas à agricultura familiar, como fomento e crédito rural, política de compra pública e regularização fundiária.

“Estamos comprometidos em reverter o processo de desmatamento, criando incentivos para produção sustentável, a restauração produtiva, a bioeconomia e a transição agroecológica”, afirmou Raquel Ribeiro.

Ela citou algumas políticas que impactam diretamente em agricultores familiares, como a redução das taxas de juros de 5% para 4% no Pronaf Agroecologia, Floresta e Bioeconomia, e o aumento no limite de financiamento no Pronaf Floresta.

Green Rio expôs soluções e iniciativas de diversas organizações

Em seu discurso na abertura, o governador em exercício e secretário estadual do Meio Ambiente e Sustentabilidade do Rio de Janeiro, Thiago Pampolha, disse que o Green Rio é um presente para o Rio de Janeiro porque ilumina esse tema tão importante e estratégico e mostra iniciativas que a gente precisa conhecer.

“O evento traz soluções e iniciativas através da inovação, da tecnologia, das boas práticas já desenvolvidas pelas empresas. Elas trazem a experiência, orientação e dicas de como outras empresas podem se comportar e adotar essas novas práticas para performar melhor o seu sistema de produção”, explicou Pampolha.

Pampolha espera que “o Green Rio traga muitos negócios, prosperidade e parcerias, colocando o Rio de Janeiro como foco e trazendo o desenvolvimento sustentável que a gente busca”.

Maria Beatriz BleyMartins Costa, coordenadora do Green Rio Latin America, considera que o sucesso do evento se deve a uma rede de confiança que foi sendo construída ao longo dos anos pelo próprio Green Rio.

“A gente tem o compromisso de juntar parceiros, plantar sementes. Essa é a missão do evento que este ano deve deixar legados inimagináveis. A cada ano o evento alcança objetivos de forma surpreendente, que nem estavam no nosso cenário”, destacou.

Ao falar também da importância do encontro, Claudia Müller, vice-ministra da Agricultura e Alimentação da Alemanha, disse que esse espaço é uma ótima plataforma para falar de soluções em bioeconomia, e fazer um networking.

“Nós juntamos diversos stakeholders, de política, pesquisa, economia, e da sociedade. E fomos capazes de chegar a resultados concretos, e não apenas falar, mas de fato realizar mudanças”, esclareceu, informando ainda que esses acordos definiram as bases para as pesquisas e a cooperação bioeconômica Brasil-Alemanha.

A tecnologia como meio de desenvolvimento sustentável, e não fim

A palestra de abertura com Jefferson Gomes, diretor de inovação e tecnologia do Senai-DN, engenheiro mecânico e professor do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), tratou da indústria e da sociedade, com o tema “Industrialização resiliente e sustentável”. Ele defende que é preciso tomar cuidado quando se fala em energia renovável porque, dependendo da quantidade que se coloca por causa de um modismo, por exemplo, ela deixa de ser sustentável.

Sustentabilidade é complexidade, diz o engenheiro. Para ele, é preciso “traçar planos estratégicos muito bem elaborados e não simplesmente copiar gente de tudo que é lugar do mundo que vem com uma tecnologia, que acha que aquilo é a coisa mais importante. É preciso respeitar o local, o local é que manda”.

Tem que estar atento à região específica para traçar uma estratégia. Como exemplo, Jefferson Gomes citou a Amazônia, que tem muitos lugares diferentes e cada um com um formato de geração de energia específico.

O engenheiro acredita que tecnologia é meio, não é fim.

“Fim é desenvolvimento social, de formação de pessoas e desenvolvimento de novos negócios e de legislações e de regulações. Não adianta começar a trabalhar coisas sem envolver a sociedade. A questão não é tecnologia, é gente”, concluiu.

Bruno Quick, diretor técnico do Sebrae, entende que, para essa transformação que o planeta exige, é necessário um trabalho conjunto entre estado, município e governo federal, no qual os empreendedores serão fortes protagonistas.

Fernando Alves, diretor do SESC, continuidade e resultadosão os maiores itens verificadores de trabalho, assim como demonstramtodas as edições do Green Rio. Outro exemplo de continuidade é o Mesa Brasil, projeto que existe há 23 anos e que em 2023 já arrecadou um milhão e 100 quilos de alimentos, distribuídos para 50 municípios. São mais de mil instituições cadastradas, entre ONGs, creches e empresas parceiras que trabalham para combater a fome.

A mesa de abertura do Green Rio reuniu, além dos já citados, Marcos Dias, secretário de Integração Metropolitana do Município do Rio de Janeiro; Fernando Alves, diretor de Programas Sociais do SESC RJ; Juliette Lassman, coordenadora da OCDE de Projetos em Cidades e Regiões para a Economia Azul; Antonio Alvarenga, superintendente do Sebrae RJ; Cristiane Amâncio, chefe geral da Embrapa Agrobiologia; Ana Asti, subsecretária de Ambiente e Saneamento do estado do Rio de Janeiro; Lucas Padilha, presidente do Comitê Rio do G20 da Prefeitura do Rio; Viviane Barreto coordenadora Internacional da Fundação Dom Cabral; Sérgio Malta, diretor do Sebrae RJ; e Rodrigo Moraes, assessor da presidência da Finep.

Marcaram presença entre os estandes do Green Rio o Mesa Brasil Sesc RJ, projeto que leva alimentos de quem pode doar para quem precisa receber; o game Minecraft de educação ambiental, que ensina sobre a importância das abelhas para a polinização e a biodiversidade; a experiência sensorial em sementes e frutosda carpoteca Guardiões de Sementes; as máquinas de reciclagem e cashback,do Instituto Fecomércio de Sustentabilidade (IFeS) do programa “Retorna Machine”, que recolhem embalagens de plástico, vidro, alumínio, aço, longa vida e PET, e calculam a pontuação ou “Tricoins” , que geram créditos para recarga de celular ou compra de produtos de estabelecimentos determinados.

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