Análise de mídia: gás natural, protagonista da transição energética brasileira?

por | mar 28, 2024

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Combustível fóssil apareceu em primeiro lugar no noticiário ao longo de 2023 quando o assunto foi transição energética nas empresas, mostra levantamento feito pelo Integridade ESG. Além disso, Petrobras foi a empresa mais citada na mídia em relação ao assunto

Apesar de não ser considerado uma fonte de energia renovável, tampouco verde, o gás natural continua mostrando seu peso na agenda corporativa da transição energética no que se refere à visibilidade midiática. Uma análise de mais de 90 mil notícias veiculadas na imprensa brasileira ao longo de 2023 sobre a transição energética nas empresas mostra o gás natural no topo dos conteúdos, à frente de fontes de energia consideradas verdes, como energia solar, eólica e biomassa.

No levantamento das notícias realizado pelo Integridade ESG, a transição energética impulsionada pela energia eólica surge em segundo, com 22.283 referências, mas bem atrás dos conteúdos relacionados ao gás natural — que obteve 53.198 resultados. Em terceiro, aparecem as referências à energia solar (13.276), ao etanol (9.040), ao biodiesel (4.378) e à biomassa (6.796).

Além disso, a Petrobras lidera de longe o ranking das empresas mais citadas em notícias que abordam a transição energética, confirmando o protagonismo do oil & gas — mas também mostrando os resultados da divulgação de uma série de iniciativas anunciadas pela estatal brasileira em 2023, dentro do seu programa de mudanças graduais, como a criação da Diretoria de Transição Energética e investimentos consideráveis em plantas de hidrogênio e de geração de energia eólica offshore. A primeira colocada tem seis vezes mais visibilidade no tema da transição em relação à segunda, a Vale. Em seguida, aparecem as empresas do setor de energia Equatorial e Raízen; o Banco do Brasil, que tem investido em sua carteira de crédito sustentável; a Eletrobras; a Vibra; a Enel; a Neoenergia e a WEG.

Entre as vantagens que o gás natural oferece à indústria, estão a emissão de cerca de 30% menos do que o petróleo e 44% menos gases de efeito estufa em comparação ao carvão. A versatilidade do uso e os custos inferiores de manutenção, operação e estocagem também pesam. As demandas por gás nos setores da siderurgia e da indústria química, com destaque para a produção de fertilizantes nitrogenados, têm apresentado grandes potenciais de crescimento.  

No entanto, nos perguntamos: se o setor produtivo continuar não priorizando as fontes de energia que de fato zeram as emissões de carbono, o país conseguirá atingir as metas oficiais do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, de cortar 48% das emissões até 2025 e 53% até 2030, na comparação com os níveis de 2005?

Para os opositores da rejeição ao destaque que excluía o gás natural do Programa de Aceleração da Transição Energética (Paten), o PL 5174/2023, aprovado na semana passada na Câmara, a resposta é não. Conforme está atualmente, o texto confere a projetos movidos a gás o mesmo acesso aos créditos verdes da União das obras de infraestrutura, implantação de parques e pesquisas de inovação tecnológica focados em etanol, biometano, bioquerosene de aviação, energia solar, energia eólica, hidrogênio ou em captura e armazenamento de carbono.

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