Dia da Amazônia: cacau orgânico alavanca bioeconomia do Pará

por | set 4, 2023

3 minutos de leitura
Compartilhe:

Marca Filha do Combu é uma das representantes de um setor que fatura R$ 3 bilhões por ano somente no Pará e ajuda a preservar tanto a floresta quanto os saberes amazônicos

No Dia da Amazônia (5/9), quando se fala na preservação da maior floresta úmida do mundo sem deixar de lado o desenvolvimento econômico, os números da expansão do cultivo do cacau reacendem a esperança na bioeconomia. De acordo com a Embrapa, no estado do Pará, maior produtor nacional do fruto, com faturamento anual entre R$ 1,8 e 3,5 bilhões, 70% das lavouras cacaueiras colaboram para recuperar áreas degradas e impulsionar a agricultura familiar. Nativo da bacia amazônica, o cacaueiro foi cultivado por milhares de anos pelos povos da região antes de chegar às mãos dos astecas e dos maias.

Nascida na Ilha do Combú, a poucos minutos de barco de Belém (PA), Izete Costa, conhecida como dona Nena, é exemplo da vitalidade da bioeconomia da Amazônia, que preserva saberes milenares e mantém a floresta em pé. Ela conta que aprendeu a fazer seu próprio chocolate com a própria família, representante do modo de vida ribeirinho.

Hoje, dona da própria marca de chocolate orgânico, a Filha do Combu, que produz 250 quilos por mês, Izete tornou-se referência da produção artesanal de cacau local e, consequentemente, da própria bioeconomia da Amazônia. As barras são comercializadas em lojas do Pará e enviadas para consumidores pelos correios.

“Já fazíamos, de modo familiar, o extrativismo do cacau, mas sem passar para a indústria. Trabalhávamos no pilão o chocolate para consumo próprio. Então, eu passei a frequentar feiras, onde apresentava meu produto, e resolvi comercializá-lo”

Izete Costa, proprietária da marca Filha do Combu

Visitada por turistas que visitam a capital do Pará e procuram viver uma experiência da vida ribeirinha amazônica, a lojinha Filha do Combu fica localizada às margens do rio Guamá, um dos braços do rio Amazonas. Ali também está a fábrica, reunindo três mil pés de cacau, além de muitos açaizeiros e pés de pupunha, araçá e ingá. Ao chegar ali, de barco, o visitante pode degustar variedades do chocolate artesanal, como os feitos com bacuri e castanha do Pará.

O maquinário rústico, constituído sobretudo pelo moinho de pedra, ainda não permite uma expansão mais rápida da produção da bioeconomia da Amazônia. Durante a Conferência Internacional Amazônia e Novas Economias, que ocorreu em Belém, a empresária comentou sobre a falta de acesso a tecnologias de última geração no manejo sustentável do cacau por parte dos produtores locais.

Ela espera que a realização da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima, em 2025, em Belém, ajude a alavancar a bioeconomia amazônica de maneira permanente.

“Fala-se muito da COP 30. Esperamos que haja avanços em relação à proteção da floresta, até para manter esses recursos naturais que geram a bioeconomia, e que ajude a alavancar de fato a bioeconomia, e não pare na COP”, comenta com o Integridade ESG.a chocolatier.

Leia também

Seja ESG. Inscreva-se para receber gratuitamente notícias, informações e tendências ESG