Financiamento climático será o tema principal da COP27. Além disso, há uma grande expectativa com a volta do Brasil ao protagonismo ambiental
A 27ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP27) começa no próximo domingo (6), em Sharm El Sheikh, no Egito. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), o evento deste ano deve acontecer em um cenário de pressão, já que países estão longe de alcançar as metas firmadas no Acordo de Paris, mostrando que o mundo não está fazendo o suficiente para combater as emissões de carbono. Além disso, há uma grande expectativa com a volta do Brasil ao protagonismo ambiental.
As Conferências das Partes (COPs) são as reuniões mais importantes da ONU para o enfrentamento das mudanças climáticas. Sua origem se deu a partir da Cúpula da Terra, popularmente conhecida como Eco-1992, no Rio de Janeiro. O evento marcou a adoção de medidas para estabilizar as concentrações de gases de efeito estufa na atmosfera a fim de evitar interferências perigosas da atividade humana no sistema climático.
O tratado entrou em vigor em 1994 e, desde então, a ONU reúne, anualmente, quase todos os países para as conferências. Ao longo dos anos, as nações negociaram várias extensões do tratado original para estabelecer limites para as emissões, como o Protocolo de Kyoto, em 1997, e o Acordo de Paris, adotado em 2015, no qual todos os países do mundo concordaram em intensificar os esforços para tentar limitar o aquecimento global a 1,5°C e aumentar o financiamento da ação climática.
A COP27
Por cerca de duas semanas, os olhares de todo o mundo estarão voltados para as principais pautas climáticas globais. Desta vez, a temática africana estará em primeiro plano pela vontade do país anfitrião de dar voz às reivindicações do continente. O financiamento climático será o tema principal mais uma vez. Muitas discussões relacionadas a finanças já estão na agenda, com os países em desenvolvimento fazendo um grande apelo aos países desenvolvidos para garantir apoio financeiro suficiente e adequado, particularmente aos mais vulneráveis.
De acordo com a declaração de visão presidencial, a COP27 será sobre sair das negociações e planejamentos para a implementação de todas as promessas feitas durante a COP26, em Glasgow, na Escócia – onde países concordaram em entregar compromissos mais fortes em 2022. Um dos assuntos mais abordados será a promessa anual de US$ 100 bilhões das nações desenvolvidas que não está sendo cumprida. Em 2009, em Copenhague, os países ricos se comprometeram com esse financiamento, mas relatórios oficiais mostram que essa meta está defasada. Especialistas esperam que a edição deste ano realmente torne essa promessa uma realidade em 2023.
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Interferência da Guerra da Ucrânia
Segundo Ilana Seid, representante permanente do Palau nas Nações Unidas e negociadora do clima, esta COP vai ser “confusa” diante do atual cenário sociopolítico e da crise energética. A invasão da Ucrânia pela Rússia causou uma crise global de inflação, energia, alimentos e cadeia de suprimentos. Países como a Alemanha tiveram que reduzir suas metas climáticas no curto prazo, enquanto o histórico Grupo de Trabalho Climático China-EUA anunciado em Glasgow foi suspenso.
Participação da sociedade civil
O evento principal será realizado no Centro Internacional de Convenções de Sharm el-Sheikh, de 6 a 18 de novembro. Até o momento, mais de 30 mil pessoas foram inscritas para participar representando governos, empresas, ONGs e grupos da sociedade civil.
Além das negociações oficiais, haverá salas de conferências, uma seção de pavilhão e milhares de eventos paralelos acontecendo, divididos em dias temáticos, como finanças, ciência, jovens e gerações futuras, descarbonização, adaptação e agricultura, gênero, água, ace e sociedade civil, energia, biodiversidade e soluções, o mais novo tema desta COP.
Como de costume, a conferência acontecerá em duas zonas: a Azul e a Verde, que este ano ficarão localizadas uma em frente à outra. A Zona Azul é um espaço administrado pela ONU onde as negociações acontecem e, para entrar, todos os participantes devem ser credenciados. Já a Zona Verde é administrada pelo governo egípcio e aberta ao público registrado. Incluirá eventos, exposições, workshops e palestras para promover o diálogo, a conscientização, a educação e o compromisso com a ação climática. Este ano, a Zona Verde também incluirá uma “zona de protesto” especial e um enorme lounge ao ar livre e um terraço.