Só no RJ, inundações provocaram 232 mortes em fevereiro do ano passado
As secas e enchentes foram responsáveis por perdas financeiras estimadas em US$ 5,5 bilhões no Brasil em 2022. A estimativa é do relatório Weather, Climate and Catastrophe Insight 2023, elaborado pela gestora de riscos corporativos Aon. De acordo com o documento, as secas ocasionaram prejuízos de US$ 4,2 bilhões, enquanto as enchentes causaram danos equivalentes a cerca de US$ 1,3 bilhão no país.
Como efeito das mudanças climáticas, enquanto grande parte do Brasil enfrentou a seca no início do ano passado, inundação impactaram outras partes do país. Em particular, os estados nordestinos de Pernambuco e Alagoas sofreram enchentes em maio e julho, enquanto o Rio de Janeiro viu inundações mortais provocarem 232 mortes em fevereiro do ano passado.
Segundo a análise da Aon, as mudanças climáticas afetam a frequência e a gravidade de catástrofes, provocando dispêndios em todo o mundo. “O impacto é tangível, imediato e mensurável”, destaca o estudo, segundo a qual a identificação das tendências de desastres naturais contribui para a tomada de decisões visando aumentar a resiliência global.
Perdas chegaram a US$ 313 bilhões em todo o mundo
Em todo o mundo, as perdas econômicas diretamente resultantes de desastres naturais foram estimadas em US$ 313 bilhões em 2022, já descontada a inflação do dólar pelo Índice de Preços ao Consumidor dos EUA. Segundo a Aon, o dado reforça a necessidade de as empresas e governos ficarem cada vez mais atentos aos riscos climáticos. Pouco mais de 42% das perdas de 2022 (US$ 132 bilhões) tivera algum tipo de mitigação ou cobertura dos riscos.
Concentrando-se apenas em desastres relacionados ao clima, as perdas totais em 2022 ficaram aproximadamente 17% acima da média de 2000, e metade do que foi registrado no ano recorde de 2017.
A distribuição geográfica dos eventos climáticos extremos de 2022 mostra certos padrões, como grandes tempestades nos EUA e na Europa, e a prevalência de inundações na África, Sudeste Asiático e Oceania. O mapa também revela que o impacto econômico tem relação com a concentração de riqueza.
O estudo destaca que eventos com impactos humanos significativos não se traduzem necessariamente em um alto custo financeiro como dano direto. Cerca de 31,3 mil pessoas perderam a vida devido a catástrofes naturais globais em 2022, um número abaixo da média deste século, de 38,9 mil. Aproximadamente dois terços dessas mortes pode ser diretamente atribuído a ondas de calor que ocorreram na Europa em junho e julho de 2022.
De acordo com o relatório, as ondas de calor na China e em outros países também resultaram em impactos significativos na saúde. Milhares de pessoas foram mortas no Sul da Ásia, como resultado de inundações sazonais na Índia e no Paquistão. Nigéria e na África do Sul, assim como China e Brasil também sofreram esse problema.
A boa notícia é que o número anual de vítimas humanas tem mostrado um caído nas últimas décadas. Isso se deve às melhorias na previsão, planejamento e estratégias de evacuação, maior conscientização pública e melhores ações práticas. Ásia, África e América do Sul mostram as maiores melhorias para a redução dessas fatalidades.