Em seminário da FGV e do BNDES, diretor da Petrobras afirmou que o Brasil está muito bem posicionado também em metanol e hidrogênio verde, mas diz que petróleo será o combustível principal até 2030
Os biocombustíveis são a melhor solução para a transição energética no curto prazo, e o Brasil tem uma grande vantagem, afirmou Maurício Tolmasquim, diretor de Sustentabilidade e Transição Energética da Petrobras, no seminário internacional sobre Transição Energética do Mar, realizado na Fundação Getulio Vargas (FGV), no Rio de Janeiro, em parceria com o Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
No médio prazo, segundo Tolmasquim, o metanol deve ser o combustível mais adequado para reduzir emissões de gases efeito estufa (GEE). E, no longo prazo, a empresa acredita que o hidrogênio verde e a amônia produzida a partir dele podem substituir parte do petróleo no mundo.
“De maneira geral, o Brasil, em qualquer uma dessas alternativas, está muito bem posicionado, porque nós temos muito combustível, muita terra, muito sol, muita água, portanto podemos produzir combustíveis abaixo do custo e abundantemente. E nós temos possibilidade com as energias renováveis de produzir o hidrogênio, que é a verde, que é a base para os outros combustíveis, como metanol e amônia”, evidenciou.
No entanto, o diretor da Petrobras avalia que o petróleo vai continuar sendo o principal supridor de combustível no mundo até 2030.
Ao tratar da descarbonização das embarcações, ele enfatizou que as mudanças podem vir tanto pelo lado da demanda com medidas mais simples, que podem reduzir o consumo de combustíveis em cerca de 20%, como a redução da velocidade de navios, a manutenção das embarcações sempre cheias, adequação do tamanho dos navios à carga, quanto pela mudança de combustível, que pode promover uma redução de até 100%.
“Na linha dos biocombustíveis, fizemos dois experimentos: um em navio, que fez trajeto de 15 mil quilômetros com bunker e 10% de biodiesel, e permitiu redução de emissões de 7%. Outro teste foi feito em agosto de 2023 com bunker com 24% de biodiesel, que fez 10 mil km e conseguiu reduzir emissões em torno de 19%”, ressaltou.
Petrobras quer navios com etanol verde
Em entrevista, após participação no painel de óleo e gás no seminário da FGV, Tolmasquim informou que a Petrobras pode entrar no segmento de metanol verde para abastecer navios.
“O Brasil tem um potencial muito grande para produzir metanol sintético, uma vez que, para produzir metanol sintético você tem que usar o hidrogênio verde, e a gente tem grande potencial de produzir hidrogênio verde com baixo custo, e usar também o CO2 biogênico. Diante disso, a Petrobras está conversando com empresas interessadas”, complementou.
Vários projetos de energia renovável são avaliados
Segundo o diretor de Sustentabilidade e Transição Energética, a Petrobras está avaliando vários projetos de energia renovável, mas não adiantou uma data para divulgação.
“Somos muito criteriosos na análise e um dos critérios fundamentais é que o projeto seja rentável e que passe por todos as janelas que a gente tem. O importante é que a transição energética da Petrobras ocorra de maneira responsável, trazendo segurança aos acionistas, que tudo está sendo feito com calma, olhando todos os fatores, olhando a rentabilidade. Temos vários projetos que já deram entrada no processo de análise da Petrobras. Quando estiver aprovado, a gente divulga para o mercado. Agora a gente não pode divulgar. Mas a gente está no caminho”, finalizou.