Entenda como marcas usam economia circular para reduzir lixo eletrônico no mundo, que deve chegar a 70 milhões de toneladas até 2030
O que você faz com seus equipamentos eletrônicos quebrados ou obsoletos? O destino que se dá a eles faz toda diferença para o planeta. A ONU alerta que, até 2030, o mundo deve gerar 70 milhões de toneladas por ano de lixo eletrônico. Esse material descartado corretamente contribui para a economia circular, mas, se o destino final for inadequado, o resíduo libera substâncias tóxicas que contaminam o solo, a água e o ar.
No Brasil, as fabricantes têm usado plástico reciclado na produção de eletroeletrônicos, transformando lixo em um novo produto. A Asus, que produz placas-mãe, notebooks e monitores, material retirado dos oceanos em seus produtos desde 2017. Globalmente, já usou cerca de 1.689 toneladas, resultando na redução de emissões de 1.915 toneladas de carbono.

Também na busca pela sustentabilidade, a Letron, marca de produtos eletrônicos lançada em 2022 e que faz parte do Grupo Leonora, lançou a primeira coleção de produtos eletrônicos feita com plástico 100% retirado dos oceanos. Com essa iniciativa, a marca reduziu em 80% a emissão de carbono, com as cerca de 7 mil garrafas PETs retiradas do oceano, no primeiro lote de produtos da Linha Ocean.
“As pessoas acham que esse plástico é menos resistente, mas, ao contrário, essa é uma fonte muito confiável de matéria-prima: o plástico é limpo, confiável mais maleável e bastante resistente”
Andreia Both,do Grupo Leonora

Atenta ao fato de que o lixo eletrônico é um dos grandes riscos ambientais do mundo, a Dell Technologies assumiu o compromisso de produzir mais da metade do conteúdo dos produtos com materiais reciclados, renováveis ou que reduza as emissões de carbono até 2030. Desde 2007, a empresa recuperou mais de 1,13 bilhões de quilos em eletrônicos usados.
O Brasil gerou mais de 2 milhões de toneladas de lixo eletrônico em 2019, ocupando a quinta posição no ranking dos países mais poluentes no mundo, de acordo com relatório The Global E-waste Monitor 2020. O país só perde para China, EUA, Índia e Japão. Entre os países da América Latina, o Brasil é o primeiro no ranking dos geradores. Em 2019, apenas 17,4% dos 53,6 milhões de toneladas de aparelhos eletroeletrônicos descartados foram reciclados. Nos países latino-americanos, só 2,7% do lixo eletrônico entram na dinâmica da economia circular.

Asus incentiva economia circular com programa Zentroca
Contribuindo com a diminuição da geração anual de lixo eletrônico, a Asus utiliza o programa Zentroca para incentivar o consumidor com um sistema de troca. Nele, é possível trocar celular ou notebook usado por um cupom de desconto para comprar qualquer um dos produtos participantes do programa na Loja Asus.
“A Asus, que pretende estar entre as maiores empresas de tecnologia verde, percebeu que 75% da emissão de pegada de carbono ocorre no processo de produção da marca. Então, está alterando e corrigindo os processos de produção para diminuir a pegada de carbono, principalmente nessa etapa inicial da vida do produto, que é o processo de produção”, disse Ana Paula Marques de Souza, gerente de marketing da Asus.
Para aprimorar a agenda ESG em suas operações, a marca visa expandir aa economia circular, atingindo 100% de uso de materiais sustentáveis em seus produtos e embalagens até 2025 e reciclando pelo menos 20% de produtos em nível mundial.

Letron garante que plástico reciclado é resistente
O preconceito é o maior desafio para o produto que utiliza plástico reciclado, de acordo com Andreia Both, coordenadora de Produtos Eletrônicos do Grupo Leonora.
A coleção Ocean abriu os caminhos para a empresa começar a trabalhar com linhas mais sustentáveis, disse Andreia Both, acrescentando que o plástico reciclado é utilizado em fones de ouvido e caixa de som.
“Iniciamos intensamente este ano a jornada global de ESG na companhia. Com a constituição do Comitê de Sustentabilidade na organização, 2024 vai ser de muita execução, de tudo o que está sendo desenhado e colocado no papel”, segundo Verindiana Hans, gerente de pessoas e ESG do Grupo Leonora, que registrou crescimento de 60% no faturamento em 2022, comparado ao ano anterior, e a marca de 12 mil clientes no país.
Segundo a gerente, a meta da companhia, uma das maiores distribuidoras de produtos de papelaria do Brasil, é “chegar em 2027 com 20% por cento de representatividade do nosso faturamento em produtos com maior impacto ambiental”.

Dell facilita devolução de produtos para reciclagem
Para tornar a tecnologia mais sustentável, a Dell utiliza até 59% de plástico PCR (reciclado pós-consumo), além de trabalhar com fibra de carbono reciclada ou alumínio produzido com energia hidrelétrica renovável.
Desde 2019, a empresa economizou 800 mil libras de plásticos de áreas costeiras, que são utilizados em produtos e embalagens, incluindo os produtos Latitude, Precision e OptiPlex. A Dell também utiliza plástico reciclado pós consumo produzido a partir de coolers de cinco galões e plástico de uso único, em todo o portfólio de produtos e embalagens.
“Ao dedicar tempo e esforço à escolha de materiais e processos de fabricação sustentáveis, conseguimos reduzir o volume de lixo eletrônico e nos dedicar a tecnologias que prolongam a vida útil do produto e nos permitem ter acesso a seus componentes para reciclá-los”, ensina Nick Abbatiello, engenheiro sênior do Grupo de Design de Inovação de Experiência da Dell Technologies.

As metas da companhia para 2030 abrangem todo o ciclo de vida dos produtos, do design à fabricação, entrega e recuperação. Para cada tonelada métrica de produto adquirido, será reutilizado ou reciclado uma tonelada métrica. A empresa acredita que para reduzir a produção dos resíduos, é preciso acelerar a economia circular, mantendo os produtos e materiais em circulação o máximo possível. Para isso, facilita a devolução e reciclagem de produtos eletrônicos e acessórios no fim de sua vida útil.