Após ranking, Instituto Phi quer ampliar patrocínios e parcerias

por | jul 1, 2023

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Bem colocada em lista seleta das ONGs brasileiras mais influentes, entidade já movimentou R$ 174,9 milhões para o Terceiro Setor e hoje é parceira de empresas como Coca-cola, Stone e Rede D´Or, conta fundadora Luiza Serpa

Em meio a ONGs com superestrutura e muitos anos de estrada, uma quase novata de 13 funcionários surpreendeu ao entrar na lista das 50 instituições mais influentes do Terceiro Setor brasileiro, levantado pela entidade suíça The Dot Good. Aos nove anos de existência, o Instituto Phi conseguiu atender aos requisitos como grau de transparência, a maturidade dos níveis de governança, na gestão e no planejamento estratégico desenvolvido pelas ONGs listadas e agora espera que o reconhecimento proporcione maior alcance de patrocínio dos projetos. Na lista de empresas parceiras, estão Stone, Capstone, 4K investimentos, SPX Capital, Cymi, MDC (Energia) e Coca-Cola (através do Instituto Coca-Cola), Banco da Providência, Rede D´Or, Latimpacto, Movimento Bem Maior e União Rio.

Desde 2014, o Phi já apoiou mais de 1.400 projetos sociais em todo o país, movimentando cerca de R$ 174,9 milhões para o setor e impactando a vida de mais de 2,2 milhões de pessoas. Com o reconhecimento da entidade europeia, a fundadora e diretora do Instituto Phi, Luiza Serpa, acredita que o Instituto entra em outro patamar de legitimidade e deve ajudar muito a atrair novos investidores e de ONGs, possivelmente, abrir mais ainda ao internacional.

“O câmbio ainda nos favorece, pois cem dólares aqui, já converte a quase meio salário mínimo, fora o euro e outras moedas”, comemora a diretora do Phi, que fundou o Instituto com apenas três funcionários e muita vontade de fazer a diferença ao estilo Menos é Mais.

“Invertemos a captação mais comum, que é a ONG ir até o investidor atrás de recursos, e levamos o investidor até a ONG, que será mais proveitosa de acordo com a transformação que ele quer promover no mundo”

Aos 44 anos, a líder do Phi concilia o sonho concretizado de estruturar bons projetos com a rotina de ser mãe de dois — um de 14 e 10 anos — que eram pequenos quando o Phi começou a dar os primeiros passos. Da carreira, acumula uma formação em Publicidade, além da atuação na área de marketing corporativo, que era muito presente na trajetória de Luiza até conhecer e se dedicar ao Terceiro Setor. Dedicação esta que rendeu o título de Responsible Leader da Fundação BMW, fellow da Skoll Foundation, além de ser escolhida para integrar o Conselho consultivo estratégico da rede Latimpacto e NEXUS Global. Luiza também é membro do Entrepreneurs’ Organization (EO), além de ter sido eleita empreendedora social pela Folha de SP em 2020. 

O fruto iniciado com visão e espontaneidade faz parte do hall das organizações do Terceiro Setor, protagonistas do setor S do ESG que empregam cerca de seis milhões de pessoas e causam um impacto relevante no campo social e econômico do país, sendo responsável por 4,2% do PIB brasileiro.

Para a fundadora da entidade do Terceiro Setor, o resultado social e econômico alcançado é amplificado devido à natureza colaborativa e do trabalho em rede nos quais são desenvolvidos projetos de excelência e de importante impacto social. Confira a entrevista de Luiza Serpa ao Integridade ESG.

Integridade ESG – Como surgiu a ideia do Instituto Phi e como tem se devolvido destes nove anos para cá?  

Luiza Serpa – O Instituto Phi surge quando eu fui trabalhar para o ex-executivo do mercado financeiro e filantrópico Marcos Flavio Azzi, quando ele conduzia o extinto Instituto Azzi. Ele me conheceu em um processo seletivo oriundo do acaso, quando me candidatei à vaga em um site de empregos. Como o Instituto Azzi só iria trabalhar com doações de alto tíquete, acima de R$ 200 mil, tive a ideia de fazer algo com menos, pois, por exemplo, com R$ 180 mil já daria para fazer muita coisa, ainda mais naquela época. Na verdade, qualquer quantia é válida para ajudar. O próprio Azzi me deu apoio e o Instituto dele encerrou as atividades. Nós continuamos com o Azzi (em pessoa) ao nosso lado, transformando vidas.

Integridade ESG – O que significou a classificação no ranking para o Phi?

Luiza Serpa – A iniciativa, um reconhecimento da inovação e do impacto das organizações, é fundamental para reforçar a cultura da doação. Ficamos muito felizes, pois trabalhamos continuamente para melhorar nossos processos e buscar soluções revolucionárias para os problemas mais complexos da sociedade. E também muito orgulhosos por estar ao lado de organizações parceiras que fazem trabalhos tão importantes para a redução das desigualdades de longa data.

Integridade ESG – Você estava envolvida com projetos sociais antes de conhecer o Azzi?

Luiza Serpa – Atuava mais na área de comunicação interna, mas fui para a área de Terceiro Setor, em consultoria, um pouco antes de passar no processo seletivo do Instituto Azzi, onde fui diretora por quase dois anos. Agora, tenho 16 anos no setor social. Somente no Phi, é uma década de orientação para famílias e empresas para uma filantropia estratégica.  

Integridade ESG – Como funciona o Phi?

Luiza Serpa – Somos uma assessoria que atende tanto às necessidades das ONGs e de projetos (alguns deles de família ou individual) quanto do investidor, pois levantamos os anseios de quem quer doar e desenvolvemos um levantamento em cima da causa considerada prioridade para o doador. Assim, invertemos a captação mais comum, que é a ONG ir até o investidor atrás de recursos. Levamos o investidor até a ONG que será mais proveitosa de acordo com a transformação que ele quer promover no mundo. Ajudamos na prestação de contas das empresas, para que fique com um modelo bem transparente e organizado. Há ONGs assessoradas que internalizaram isso para eles e brincam que agora prestam contas no “Padrão Phi”. Toda doação vai diretamente para as ONGs, sem recolhimento para a Phi. Embora os projetos de saúde e educação sejam os campeões, assessoramos qualquer tipo de iniciativa. Também nos envolvemos, na pandemia, com modelo para compra de cestas básicas, devido ao momento, e gerimos todo recurso, com prestação de contas destas doações. Outra situação que vale destacar é que conseguimos assessorar a família de Márcio Thomaz Bastos, que queria muito continuar com as ações do advogado após a morte dele, mas precisavam de orientação para que fosse feita a vontade dos ancestrais. E, assim com o trabalho do Phi, seguem o legado social dele.

Integridade ESG – Quais projetos que vocês assessoram ou assessoraram que ilustrariam uma reviravolta que o Phi causou nessas instituições? 

Luiza Serpa – Tivemos alguns à beira da desistência e hoje, após a assessoria do Phi, seguiram em frente. A Organização Amorim atua em Manguinhos há uma década. Este ano, até março, passou por um período complicado, sem nenhuma resposta de apoios, que já não eram fixos. O objetivo ali era manter o braço da aula de reforço escolar no contraturno das aulas, conforme é feito há quatro anos, mas, diante da impossibilidade financeira, teriam que abrir mão do projeto. A diretora executiva da instituição Mariana Lima Reis diz que foi com a ajuda do Instituto Phi que eles foram contemplados com um projeto que permitiu honrar o compromisso com as crianças e dar continuidade até o fim do período letivo. O Centro Cultural Rita de Cássia – Educar+, presidido por Ana Caroline Santos e com atuação em Anchieta (além do Chapadão), no Rio, também foi outro caso que conseguimos unir esforços para não parar. Foram duas situações. Na verdade, a primeira foi quando precisavam regularizar a organização, estavam sem CNPJ e precisavam se tornar uma organização sem fins lucrativos. Já não tinham expectativas, devido à falta de dinheiro para a formalização. Depois, no ano passado, o Educar+ sofreu uma redução significativa na equipe e o Phi está mantendo metade dos projetos e toda a infraestrutura. Foi possível crescer o número de profissionais para atender mais crianças e evitar uma redução drástica nos atendimentos ou no número de beneficiários.

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