Atualmente, 40 fundos estão na fila para análise pela entidade
A Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) está se movimentando para incentivar a identificação de fundos ESG no Brasil. A entidade lançou um tutorial para as entidades cadastrarem fundos de ações e renda fixas sustentáveis, que traz desde reflexões que as casas devem fazer antes de submetê-los ao registro até o passo a passo para inclusão operacional no sistema.
As regras de identificação dos fundos foram criadas e aprovadas pelo mercado e para utilização do próprio setor. Elas estiveram em audiência pública de setembro a outubro de 2021 e, após publicação em dezembro, entraram em vigor em janeiro, com seis meses de adaptação do mercado. O processo é autodeclaratório.
“É papel da Anbima prover informações que facilitem o trabalho dos gestores e incentivem a evolução da indústria de gestão de recursos. Esses materiais têm o papel de esclarecer regras e processos para a identificação autodeclaratória dos fundos sustentáveis, que fazem parte da nossa autorregulação, reunindo exemplos e buscando consolidar os conceitos de sustentabilidade no mercado brasileiro de capitais”, afirmou Tatiana Itikawa, Gerente de Representação de Fundos de Investimento.
Atualmente, 40 fundos estão na fila para análise pela entidade para ganhar a distinção nos nomes ou materiais de venda. Os que têm o investimento sustentável como objetivo ou tese podem utilizar o termo IS (Investimento Sustentável) no nome. Já os que integram práticas de ESG ao processo de gestão, mas não têm o investimento sustentável como principal propósito, são classificados como os que “integram os aspectos ESG”. Dos 23 que foram identificados até agora, 18 ganharam o sufixo IS. Os outros cinco integram questões ESG.
“Nossa autorregulação é pioneira ao tratar de um tema emergente como sustentabilidade, que está em estágio de amadurecimento no mundo todo”, comenta Cacá Takahashi, vice-presidente da ANBIMA e coordenador do Grupo Consultivo de Sustentabilidade. Itikawa, por sua vez, completa: “É natural que surjam dúvidas do mercado, como acontece com qualquer novo assunto. Estamos sempre abertos a aprimoramentos que venham do próprio mercado”.
Em outros documentos, a entidade esclarece questões apresentadas pelo mercado desde o início da norma. “Ajustes de rota podem ser necessários, mas antes é preciso que a regra seja aplicada e ‘testada’ pelos players, que criaram, opinaram e validaram toda a identificação de fundos”, completa Takahashi, que reforça, ainda, que a Anbima mantém um canal aberto para receber contribuições e sugestões do mercado.