Agro sustentável precisa dos saberes da Amazônia

por | set 4, 2023

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Produtores locais de cacau e artigos à base de cupuaçu e jambu lembram que amazônicos devem participar da construção de soluções justas para o agro

Durante o painel “O que a Amazônia oferece & o que o mundo precisa”, realizado no âmbito da Conferência Internacional Amazônia e Novas Economias, representantes da pequena indústria sustentável da região amazônica pediram acesso à tecnologia e respeito as saberes locais.

Marca fundada em 2014 de produtos 100% naturais, como geleias de pimenta de cheiro, doce de cupuaçu e licor de flor de jambu, a Manioca foi fundada por Joanna Martins. Seguidora do princípio do comércio justo produtores, comunidades e cozinheiros — base da culinária paraense — a empresária destacou que a Amazônia não tem só diversidade: tem cultura.

“Os povos que vivem aqui na Amazônia há milhares de anos, juntamente com outros que vieram há 500 anos, criaram uma cultura alimentar, manejando essa biodiversidade e se adaptando ao nosso paladar. Nós levamos a Amazônia ao mundo através dos sabores. E é importante lembrar que isso tudo é cultura, e não só biodiversidade. Porque quando falamos em cultura, incluímos as pessoas”, destaca a CEO da Manioca.

Filha de Paulo Martins (1946-2010), considerado o embaixador da cozinha paraense, Joanna disse que os produtores locais não querem ser “fornecedores de matéria-prima, e sim oferecer soluções” para que se possa construir juntos.”

“Por isso, eu acrescentaria ao nome desse painel ‘O que a Amazônia oferece e o que o mundo precisa’ o que o amazônico guarda para ao mundo”, comentou, lembrando o soft power da gastronomia.

Por sua vez, Izete dos Santos Costa, diretora da Filha do Combu Chocolates e Doces Artesanais, que fabrica há mais de 15 anos chocolate 100% orgânico na paradisíaca Ilha do Combú, pediu acesso à tecnologias de última geração no manejo sustentável do cacau.

“Não temos acesso a maquinários adequados, e não apenas em relação aos fornos. A dificuldade principal é o refino, junto à extração dos produtos da Amazônia. Como praticarmos sustentabilidade se o povo da floresta hoje não tem esse apoio? É muito difícil. Digo isso como trabalhadora do cacau, e não só eu”.

Mesmo sem máquinas adequadas, a demanda pelos produtos da terra tem crescido. O empreendimento sustentável, que resgata as tradições das populações ribeirinhas, abastece as lojas de Combú e também da capital paranese com barras, pó de cacau, brigadeiro em pote e outros produtos. Com equipamentos modernos, a difusão do cacau amazônico orgânico e sustentável seria muito maior. “Queremos muito avançar na sustentabilidade na produção do cacau, mas não temos acesso a tecnologias nem a parceiros”, lamentou Izete, conhecida como Dona Nena.

Integridade ESG está realizando a cobertura da Conferência Internacional Amazônia e Novas Economias, em Belém, com o apoio da Semove.

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